segunda-feira, junho 29, 2009
Festa de caraiba
Acontece que o caboclo e suas lendas que originaram a festa estão cada vez mais distantes do que se apresenta hoje na arena.
“Pai que bicho é esse?” perguntou o menino para o pai que estava do lado de fora do bumbódromo vendo a entrada dos carros alegóricos. O pai ficou mudo. A cara do bicho era uma mistura de Homem Aranha num corpo de jacaré com garras de unhas retorcidas, aliás todos os monstros tem unhas que fazem lembrar as do Zé do Caixão.
Dentro do bumbódromo é uma ginástica tentar assistir a apresentação sem alguma interferência no primeiro plano. Fotografar então, um martírio. São operadores de TV que querem entrar com suas câmeras dentro do vestido da sinházinha, gruas que cruzam o espaço sem parar. Balões e banners dos patrocinadores fluturam por todo o recinto. O boi Garantido tinha dezenas de pessoas para orientar o traçado simples dos “cavalinhos dos parques de diversão”, tinha tanta gente dentro da pista que atrapalhava a evolução do próprio boi.
Este ano o público caiu bastante. Dizem que foram as águas grandes do rio Amazonas que atrapalharam, mas acho que não. Já tem muita gente enjoada com a pegada comercial desta festa popular. A festa não é mais dos caboclos."
domingo, junho 28, 2009
Telefonica abusa do poder econômico
O que é isso minha gente?? Agora temos de ser chantageados e ficar presos a essa odiosa e incompetente e monopolista prestadora de serviços? Não é inconstitucional isso?
sábado, junho 27, 2009
O último defensor das donzelas desamparadas
"Levei tanta paulada de médicos, amigos e parentes que achei que já era de conhecimento público Maricota me dá pitos atér hoje quase diariamente. Mas já expliquei a todos que se acontecer de novo vou novamente para o entrevero. Se estiver muito velho vou de bengala, mas vou.
Foi só um impulso juvenil srsrsrsr E já fazem dois meses.
Estava saindo do banco, a 50 metros de casa.
Na esquina há um semáforo manual. Consciente da minha velhice apertei o sinal e fiquei aguardando abrir (sempre que faço isso fico com saudades da época em que, bêbado, toureava carros na Av. São João.)
Em seguida postou-se ao meu lado uma menina-moça, mais menina que moça.
Como ainda ando atento ao meu redor, vi, de relance que vinha pela calçada um rapaz de pouco mais de 20 anos. Bem, vestido, nem sombra de alcool ou tóxico.
Passou por trás de mim.
Quando passou pela menina, enfiou a mão por sob a saia até a xota. E ainda gritou rindo “ela esta de Modess” (Talvez fosse uma das primeiras vezes) e começou a continuar descendo a rua.
Nem tomei consciência de que sou ancião e doente.
Voei sobre ele já agarrando-o pela nuca. Caímos os dois, mas como eu já o segurava pela nuca, ele caiu de bruços e eu de lado. Era forte, mas o coitado não tinha nenhuma técnica.
Montei sobre as costas dele. Coloquei meus joelhos sobre os braços, imobilizando (os músculos da coxa são sempre bem mais fortes que os dos braços). Ele ficou com as pernas livres e poderia te-las usadas para uma torção e mudança de posição. Mas o tonto as utilizou para tentar chutar-me, dobrando-as para trás.
Deixei-o chutando a prória bunda. Agarrei seus sedosos cabelos, e fiquei levantando e baixando a cabeça, para o rosto bater na guia e abalar o cérebro. Sabia que tinha que ser rápido se não estava fodido, Que belo som cada vez que a face batia na guia. Que muúica maravilhosa cada berro que o jumento dava.
Ali há um ponto de taxi e os motoristas tinham assistido toda a cena. Um velho foi consolar a menina os outros esperaram um tempo e daí vieram me tirar de cima do rapaz.
Ele, nariz arrebentado, dentes quebrados, laáios partidos e zonzo de tanto o cérebro chacoalhar no crânio ouviu o “nem tente sair daqui”, sentou-se na guia choramingando
Daí fui dar atenção à menina. Ela agarrou-se em mim. Não chorava lágrimas mas com o corpo inteiro. Tremia inteira. Tentei acalmaála e fazer com que o episódio não deixasse marcas. O bla-bla-bla de sempre. Tudo o que fazem com a gente por fora não tem importância. Só não deixe que isso a atinja por dentro. Amanhã você vai por essa saia de novo, e vai passar por aqui nessa mesma hora. Etc.
Quando acalmou-se um pouco expliquei que tinhamos que ir os 3 mais uma ou duas testemunhas à Delegacia, que é perto, fazer ocorrência. Ela desesperou-se de novo. "Não quero isso registrado. Não quero que ninguém saiba." Dava tanta pena que concordei. Então deixe-me levá-la até sua casa. De novo uma crise. Daí deixei que se fosse. Foi pela rua da minha casa
Só daí é que me dei conta da embrulhada que havia me metido. Tinha lá o agresssor com a cara toda arrebentada. Com possibilidades remotas de ter algum problema cerebraldevido as batidas e não tinha a vítima que eu defendera para fazer a ocorrência. Bastaria o canalha negar a existência dela e pronto Ele seria a vítima de um velho louco e , para fazer aquele estrago num jovem forte, muito perigoso.
Mas a solidariedade humana existe. Quando expuz isso aos motoristas a reação foi imediata. Um adiantou-se pegou o rapaz pelo cangote, fez com que entrrasse no porta malas do carro, e deu a solução final. Largo esse filho da puta longe daqui, o senhor vai embora, ninguem viu o que aconteceu e ninguem sabe que o senhor mora por aqui (muitos já tinham ido me pegar em casa, quando não podia dirigir ou estava sem carro)
Como já faz um bom tempo, e não recebi nenhuma intimação, acho que realmente o problema está resolvido.
Assim que cheguei em casa medi a pressão 8 X 13 e pulso 96 (o normal para mim é 8X12e pulso 85). Achei que os médicos iam me aplaudir. Pois não é que me espinafram?
Os amigos idem. A Mariana ficou puta e me chama quase toda hora de defensor de donzelas inocentes. Já expliquei que não deu tempo de deflorar a menina antes, mas não adianta
Fisicamente na hora sai sem um arranhão. Depois começou uma pequena dor muscular no braço direito, que vem diminuindo aos poucos . É por erro meu. Se tivesse batido a cara dele com um pouco menos de força teria tido o mesmo efeito e não me teria forçado tanto os músculos…Mas já tomei tanta porrada, que vocês duas não precisam dar mais nenhuma.
sexta-feira, junho 26, 2009
A aventura do Santa Maria, ou Santa Liberdade
Outros tempos em que ainda havia a Utopia e homens dispostos a ela.
Luis Nassif online
26/06/2009 - 08:53
Lembranças do capitão Galvão
Em 1961, o capitão Henrique Carlos Malta Galvão entusiasmou o mundo ao apresar o navio Santa Maria, em protesto contra a ditadura de Salazar em Portugal.
Uma bela resenha de sua biografia, recentemente lançada, no Estadão de hoje.
Clique aqui.
1 comentário para "Lembranças do capitão Galvão"
26/06/2009 - 10:58 Enviado por: elizabeth lorenzotti
Aos 18 anos tive a sorte de conhecer um grande homem, o galego Jose Velo Mosquera, que conhecemos como seu Junqueira, um de seus outros nomes. Ele havia se exilado no Brasil , com seus companheiros, após o episodio do navio Santa Maria. Foi o mentor intelectual, ao lado de Galvão, da ação de apresamento do navio turistico em protesto contra as ditaduras de Salazar e de Franco.
Não eram piratas, como a imprensa internacional os taxou, mas revolucionarios e de sua ação, em um navio com acho que 600 passageiros, não houve feridos.Aventura singular, que mobilizou até o governo dos EUA, Kennedy no poder, foi na minha opinião o primeiro lance politico do que hoje se chama marketing: chamar a atenção do mundo para as ditaduras ibéricas.E conseguiu. Mas acabaram aportando no Brasil, porto de Recife, onde Janio lhes deu abrigo.
Seu Junqueira era professor e poeta, o primeiro editor da poeta Rosalia de Castro no Brasil. Ainda colegial, eu e uma amiga faziamos para ele um jornaliznho semanal no bairro do Paraiso. E ouviamos, encantadas, suas historias e suas análises iconoclastas sobre a aventura humana e a política.“Quem se militariza não se humaniza”, ele dizia.“A direita nunca nos desencanta, a esquerda sim”
Entre tantas frases que bebiamos literalmente às tardes, na editora Nós, ali perto da Cubatão.
Há muitos livros sobre o Santa Maria, entre eles um romance ótimo do jornalista espanhol, que acaba de se aposentar do El Pais, Miguel Bayon, e que se chama Santa Liberdade. Há o documentário de mesmo nome, uma produção brasileiro-galaica, editada por uma professra de Jornalismo da Universidade de Santiago de Compostela, Margarita Ledo.
Na tomada do navio, por coincidência Junqueira estava ao alto falante e era passageiro um de seus alunos, que surpreso, reconheceu a voz do professor. Ele tinha uma filmadora, e há preciosos registros da época no documentário.
Na Galicia, o nome de Pepe Velo é hoje lembrado nas escolas.O capitão Galvão é o nome histórico do episodio , mas Pepe Velo era a grande figura intelectual e mediadora da questão. Avesso a falar de si, ficou em segundo plano nessa aventura que depois rendeu tanta historia.Camilo Mortagua, citado no artigo do Estado como autor da biografia de Galvão era um dos jovens participantes do episódio. Seu livro deve ser bem interessante.Como interessante foi o apoio que o Estadão deu aos exilados politicos portugueses naquela época. Outros tempos, mesmo.
Maa a figura do seu Junqueira, ou Pepe Velo, foi tão marcante que sua lembrança nunca me abandonou. O nome do meu blog, Viva Babel,, é uma homenagem a ele. Tenho um conto que tem por titulo uma linda frase sua: “Un é nengum”.
Seu filho, guardião zeloso da Historia, Victor Velo, ele também um jovem participante do episódio, na época, prepara a antologia poética do pai, e a tradução do livro que deixou “Muera España! Viva Hespaña! Prólogo para la inauguracion de Ibéria”.Ninguém ficou rico: Galvão foi enterrado no Imirim acompanhado por seis pessoas. Junqueira morreu infelizmente num hospital, e não com os sapatos calçados, na luta, como ele queria.
Figuras como estas não são possíveis de se imaginar hoje: gente que vivia pela Utopia.
Graças a homens como estes o mundo caminhava .
quinta-feira, junho 25, 2009
Blackbird
quarta-feira, junho 24, 2009
Reflexões de um aprendiz de cozinheiro
É triste ver com uma decisão de uma entidade que não tem canais de comunicação com a sociedade, o STF, tendo à frente um gilmar desses, que se pretende onipotente, desqualifica milhares de profissionais de uma profissão já tão sacrificada e difícil.
O exemplo citado do entrevistado comendo camarão é , como se diz, emblemático.
Eu faço parte de uma geração que lutou pela dignidade profisisonal, pela ética e pelos direitos trabalhistas. Mas na modernidade líquida em que estamos atolados, estas parecem palavras sem sentido .
Na geléia geral que se forma em torno da celeuma da profissão, há de tudo: anticorporativistas, solidamente assentados em seus diplomas e em suas corporações, atiram pedras nos jornalistas que defendem sua formação. Acreditam que agora qualquer um pode chegar às redações e ter à disposição colunas de opinião, grandes reportagens, fama e sucesso. Acreditam tambem que isso tem a ver com a liberdade de imprensa - leiam abaixo o belo artigo de Janio de Freitas esclarecendo a liberdade das más razões - e agora navegaremos felizes em mares de rosas.
Nos bastidores desse longo processo, que chega a mais de 30 anos, entretanto, interesses poderosos se colocaram.
Na grande crise da imprensa escrita , este golpe será sentido não apenas por jornalistas de carreira e diplomados, mas por leitores e pela sociedade em geral, que vão se dando conta, aliás, e ainda bem, do que significa o chamado quarto poder.
Desregulamentação-- a palavra chave do neoliberalismo que teve em Margareth Tatcher sua mais perfeita tradução , aquela senhora que dizia : "não há mais Estado, apenas familias e empresas -- desbaratou os trabalhadores em todo o mundo. Embora o velho Estado tenha sido a válvula de salvação da mais recente crise do capitalismo.
Mas as políticas mundiais e seus lideres estão desacreditados, os trabalhadores desunidos, fragmentados. As lideranças sindicais estão igualmente desacreditadas, o vale-tudo vai tomando conta.
Embora eu seja otimista, e creia que a Historia nunca pára, sei que é lenta. Mas que as coisas mudam, disso não tenho dúvidas, e muitas vezes para melhor. Espero.
João Batista de Abreu
Jornalista com diploma
Nesses 55 anos de estrada, confesso que vivi. Profissional e afetivamente. Mas que me perdoe Pablo Neruda, nunca aprendi a cozinhar. Sei apenas de cozinha de jornal. Aquele trivial simples, como fazer títulos e linhas de apoio, legenda e texto-legenda, chamada, macaca e outros adereços. Aprendi a botar tempero na matéria alheia, numa época em que o copidesque do Jornal do Brasil estava repleto de gurmês de fino trato. E eu, apenas um aprendiz de cozinheiro.
Nesses 35 anos de janela, compreendi que a paisagem nos oferece várias lições e que nos cabe assimilá-las ou não. A universidade se apresenta como um balcão de ofertas. Uma oferta democrática porque permite a aprendizes conhecer, experimentar, refletir, enfim preparar receitas que, espera-se, algum dia serão destinadas à sociedade. No espaço da sala de aula pode-se sim ensinar técnicas jornalísticas. Se não acreditasse nisso, preferiria pedir demissão.
Quando um poder supremo desmerece uma profissão desqualifica também sua formação. Ignora o longo tempo de dedicação de jovens que buscam nos bancos escolares ascensão social e a perspectiva de encontrar um lugar digno na sociedade, sem depender de favores, práticas de nepotismo ou arranjos partidários.
Talvez seja essa possibilidade que incomode tanto. Silenciosamente, a universidade pode contribuir para dotar cidadãos das mais variadas origens sociais de uma reflexão crítica, sem qual ele não exerceria qualquer profissão de nível superior na sua plenitude.
Como repórter, aprendi que a maioria dos jornalistas não costuma ser convidada para banquetes e aqueles que o são correm o risco de pagar uma conta alta na carreira. Certa vez, ao entrevistar um empresário durante um coquetel para o qual eu não fora convidado, arranquei-lhe algumas respostas enquanto ele degustava tranquilamente um camarão, sem ao menos ter a educação de oferecer ao entrevistador. Interpretei aquela atitude como um recado, que marcava a distinção do lugar social entre os dois personagens.
Os filmes de Buñuel ensinam como as refeições representam um lugar de exclusão e inclusão na sociedade burguesa. A constatação nos ajuda a entender a metáfora do ministro onipotente. Novamente a demarcação entre os que sentam à mesa do banquete e os que preparam a comida. Sem diploma, e portanto sem os benefícios econômicos que dele advêm, o que se deseja é que fiquemos sempre condenados a preparar a comida alheia, especialmente a dos comensais de banquetes.
Aos jovens cozinheiros, candidatos a chefes de cozinha, fica a advertência. Não confundam o lugar do jornalista com os dos representantes da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), principal articuladora do lobby que derrubou a obrigatoriedade do diploma. Ho Chi Minh – cozinheiro da colonial Marinha francesa –, nos mostrou que é possível um pequeno Davi de olhos puxados sair vitorioso na luta contra Golias. A nossa luta é a do feijão com arroz contra o supreme de frango.
terça-feira, junho 23, 2009
segunda-feira, junho 22, 2009
Africanos em Lisboa
domingo, junho 21, 2009
De Madrid, para Lorca
Janio de Freitas
FSP 21/6/2009
“LIBERDADE de expressão” não é uma expressão de liberdade, é uma fórmula cuja utilidade política está em encobrir limitações e condicionantes do direito de expressão. Umas necessárias à sociedade, outras impostas para preservação de domínio.
Magistrados e advogados abusaram do uso da expressão que sabem ser falaciosa, para chegar à extinção, pelo Supremo Tribunal Federal, da exigência de diploma específico para profissionais do jornalismo. A exigência, não nascida dos motivos repetidos no STF, foi um excesso problemático desde sua criação em 1969, mas nem por isso deixou de produzir um efeito muito saudável e nunca citado, no STF ou fora. Em lugar do diploma específico, a obrigatoriedade de algum curso universitário, não importa qual, seguida de um curso intensivo de introdução aos princípios e técnicas do jornalismo, seria a fórmula mais promissora para a melhor qualidade dos meios de comunicação.
É um argumento rústico a afirmação de que diploma obrigatório de jornalismo desrespeita a Constituição, por restringir o direito à liberdade de expressão. É falsa essa ideia de que o jornalismo profissional seja o repositório da liberdade opinativa. São inúmeros os meios de expressão de ideias e opiniões. E, não menos significativo, a muito poucos, nos milhares de jornalistas, é dada a oportunidade de expressar sua opinião, e a pouquíssimos a liberdade incondicional de escolha e tratamento dos seus temas. (A esta peculiaridade sua, a Folha deve a arrancada de jornal sobrevivente para o grande êxito).
A matéria-prima essencial do jornalismo contemporâneo não é a opinião, é a notícia. Ou seja, a informação apresentada com técnicas jornalísticas e, ainda que a objetividade absoluta seja um problema permanente, sem interferências de expressão conceitual do jornalista. A grande massa da produção dos jornalistas profissionais não se inclui, nem remotamente, no direito à liberdade de expressão. Há desvios, claro, mas a interferência de formas opinativas no noticiário serve, em geral, à opinião e a objetivos (econômicos ou políticos) da empresa. Neste caso há, sim, uma prática à liberdade de expressão, no entanto alheia ao jornalismo, aí reduzido a mera aparência de si mesmo.
Os colaboradores, não profissionais de jornalismo, são os grandes praticantes do direito de liberdade de expressão nos meios de comunicação. E nunca precisaram de diploma de jornalista. A extinção da exigência de diploma em nada altera as possibilidades, as condicionantes e as limitações da liberdade de expressão na produção do jornalismo. Altera o que chamam de mercado de trabalho para os níveis iniciais do profissionalismo. Para os níveis mais altos, há muito tempo as empresas adotaram artifícios para dotar suas redações de diplomados em outras carreiras que não o jornalismo. À parte a questão legal, o resultado é muito bom.
Com o diploma, extinto à maneira de um portão derrubado e dane-se o resto, o STF eliminou sem a menor consideração o efeito moralizante, não só para o jornalismo, trazido sem querer pela exigência de curso. Efeito sempre silenciado. Deu-se que os anos de faculdade e seu custo desestimularam a grande afluência dos que procuravam o jornalismo, não para exercê-lo, mas para obter vantagens financeiras, sociais e muitas outras. Tal prática sobreviveu à exigência do curso, porém não mais como componente, digamos, natural do jornalismo brasileiro. É lógico que as empresas afirmem critérios rigorosos para as futuras admissões, mas sem que isso valha como segurança de passar da intenção à certeza.
O julgamento do recurso antidiploma trouxe uma revelação interessante, no conceito que a maioria do Supremo e os advogados da causa mostraram fazer da ditadura. Segundo disseram, já a partir do relatório de Gilmar Mendes, o decreto-lei com a exigência de diploma era um resquício da ditadura criado, em 69, para afastar das redações os intelectuais e outros opositores do regime. Ah, como eram gentis os militares da ditadura. Repeliram a violência e pensaram em uma forma sutil, e legal a seu modo, de silenciar os adversários nos meios de comunicação, um casuísmo constrangido.
Nem que fosse capaz de tanto, a ditadura precisaria adotá-lo. Sua regra era mais simples: a censura e, se mais conveniente, a prisão.
O julgamento no STF dispensou a desejável associação entre direito à liberdade de expressão e, de outra parte, recusa a argumentos inverazes. A boas razões preferiu a demagogia.
quarta-feira, junho 17, 2009
domingo, junho 14, 2009
Crônica do mundão véio
Elizabeth Lorenzotti
Avui, este o nome de um dos inúmeros jornais de Barcelona.Que te parece a tradução? Pensei que fosse algo tipo de vocês, a vós. Não. Quer dizer hoje.
Creiax amb tu. No dia aberto ao público da visitação à estupenda Sagrada Familia de Gaudí. Pensei que fosse Creia em ti. É Cresce contigo. Ô língua essa desses catalães incríveis. Só lá mesmo você pode se deparar, nas Ramblas, com um tipo nu e todo tatuado dando entrevista para a televisão. Com uma velhinha, numa incrível exposição sobre os exilados da Catalunha da ditadura franquista, dizendo que é separatista e que eles, os espanhóis, tiram tudo da gente e não dão nada.E também nem acreditar na falta de poluição visual e auditiva de palavras em inglês: nada de Delivery, nada de off, só catalão e espanhol.Aliás, em Portugal e na França também: que coisa mais salutar falar a própria língua. E mais: uma engraçadíssima polêmica dos que estão furiosos com a talvez possibilidade de se proibir o espanhol na Catalunha.
“Els immigrants són el 80% dels nous empadronats”, e isso dá pra entender né? Dos imigrantes todos eles querem se livrar. Mas é a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.”Pra entrar na Inglaterra com documento falso, argentino é espanhol, brasileiro é português”, me conta o garçon brasileiro que trabalha lá faz 7 anos e voltava para visitar a família no interior do Paraná. Ele casou por 7 mil libras com uma conterrânea de passaporte italiano, e tem de ficar três anos morando no mesmo pais, ambos, e já cumpriu dois.Diz que é um bom negocio esse, transado na comunidade: “Você tem passaporte europeu? Então pode casar”. Que mundo esse, hein? Bom, como casamento sempre foi um negócio, ao menos lá é um bom negócio, e garantido, embora os caras estejam dando em cima, não é mais fácil como era antes, não pode conhecer num dia e casar no outro, não, me conta.
Mas voltando a Barcelona, onde mais poderia nascer alguém como Gaudí, que se inspirava nas arvores, na natureza, e fez uma floresta na Sagrada Familia, e vasinhos de frutas nas torres, significando “os bons frutos do Espírito Santo”?