Achei esta edição deste humilde blog em polonês. Não sei como é, fui atrás de um internauta visitante desse pais e caí na tradução.
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segunda-feira, junho 30, 2008
quarta-feira, junho 18, 2008
Da série Mundo Falido
Foto Reuters/Estadão
Vivemos em um mundo onde as mercadorias têm livre transito, mas os homens jamais!
Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais
Do Estadao on line
ESTRASBURGO, França - O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira, 18, sem mudanças, o projeto de expulsão de imigrantes ilegais na União Européia. A lei determina ainda que os clandestinos poderão ser detidos por até 18 meses e proibidos de voltar ao bloco pelos próximos cinco anos.
A medida ocorre em meio a um aumento do sentimento contrário à imigração no bloco. Parte dos italianos culpa os estrangeiros pelo aumento da violência, enquanto a França mostra dificuldades para lidar com as tensões nos subúrbios de grande concentração de imigrantes. O texto recebeu 367 votos a favor, 206 contra e 109 abstenções, e foi aprovado graças ao apoio do Partido Popular Europeu, dos liberais e da direita nacionalista, que não aceitaram nenhuma das emendas colocadas pelos grupos de esquerda. A norma da União Européia, que já recebeu o sinal verde dos governos dos 27 países do bloco, entrará em vigor dois anos após sua publicação oficial.
O projeto da diretiva de retorno prevê a extradição de todo estrangeiro em situação irregular (exceto os que estão sob asilo em países da UE) para o seu país de origem. Uma vez encontrados pelas autoridades, os ilegais receberão primeiro uma ordem para deixar o país voluntariamente em até 30 dias. Caso haja um risco de que isso não seja cumprido, eles podem ficar detidos por até seis meses, durante o processo de deportação.
No caso de risco de fuga ou que os clandestinos se negam a deixar o bloco, o imigrante será detido por até 18 meses, o limite para os casos de "falta de cooperação". O texto garante o acesso das ONGS aos centros de detenção, a possibilidade de recursos contra a decisão de extradição e o direito de assistência jurídica. Os imigrantes expulsos podem ficar impedidos de voltar por até cinco anos - essa pena máxima pode ser aplicada aos que não cooperarem ou forem considerados uma ameaça.
As novas regras são parte de um esforço para estabelecer uma política comum na UE sobre asilo e imigração até 2010. Elas não serão aplicadas imediatamente no Reino Unido e na Irlanda, pois estas não são membros da chamada Zona Schengen - nessa área, foram abolidos os controles imigratórios entre os países participantes. A Dinamarca também negociou sua exclusão dessa lei.
Quanto aos menores não acompanhados, aceita-se a possibilidade de que possam ser devolvidos a tutores que não forem parentes diretos ou a instituições adequadas de seu país. A assistência jurídica será gratuita, segundo estipularem as leis nacionais, e a ajuda gratuita nas apelações às decisões de expulsão só haverá quando existirem chances reais de êxito, e teria limites de tempo e de quantia econômica.
Oposição
Segundo a BBC, as regras, que afetarão a vida de cerca de 8 milhões de ilegais residentes atualmente na UE, são criticadas por instituições defensoras dos direitos humanos, como o Conselho da Europa e a Anistia Internacional, que a apelidaram de "diretiva da vergonha", em referência ao que consideram um tratamento "desumano" destinado aos imigrantes.
Para a Associação Européia de Defesa dos Direitos Humanos, "a detenção de homens, mulheres e crianças por até 18 meses simplesmente por residir ilegalmente (na UE) é inaceitável". Além disso, 44 governos da América Latina e da África - entre eles Bolívia e Equador - enviaram cartas à Comissão Européia e ao Alto Representante da UE, Javier Solana, condenando a diretiva e pedindo uma revisão das medidas propostas. Por sua parte, o Parlamento Europeu recebeu um documento assinado por cerca de 50 artistas, entre eles o cantor Manu Chao, pedindo aos deputados que não aprovassem a diretiva.
Essa foi a primeira vez que o Parlamento Europeu teve participação ativa em uma decisão sobre imigração, uma pasta de competência nacional, na qual os países membros têm políticas muito diferentes. As autoridades européias acreditam que a harmonização das regras de repatriação facilitará o controle da imigração ilegal em bloco onde as fronteiras internas são praticamente inexistentes.
Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais
Do Estadao on line
ESTRASBURGO, França - O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira, 18, sem mudanças, o projeto de expulsão de imigrantes ilegais na União Européia. A lei determina ainda que os clandestinos poderão ser detidos por até 18 meses e proibidos de voltar ao bloco pelos próximos cinco anos.
A medida ocorre em meio a um aumento do sentimento contrário à imigração no bloco. Parte dos italianos culpa os estrangeiros pelo aumento da violência, enquanto a França mostra dificuldades para lidar com as tensões nos subúrbios de grande concentração de imigrantes. O texto recebeu 367 votos a favor, 206 contra e 109 abstenções, e foi aprovado graças ao apoio do Partido Popular Europeu, dos liberais e da direita nacionalista, que não aceitaram nenhuma das emendas colocadas pelos grupos de esquerda. A norma da União Européia, que já recebeu o sinal verde dos governos dos 27 países do bloco, entrará em vigor dois anos após sua publicação oficial.
O projeto da diretiva de retorno prevê a extradição de todo estrangeiro em situação irregular (exceto os que estão sob asilo em países da UE) para o seu país de origem. Uma vez encontrados pelas autoridades, os ilegais receberão primeiro uma ordem para deixar o país voluntariamente em até 30 dias. Caso haja um risco de que isso não seja cumprido, eles podem ficar detidos por até seis meses, durante o processo de deportação.
No caso de risco de fuga ou que os clandestinos se negam a deixar o bloco, o imigrante será detido por até 18 meses, o limite para os casos de "falta de cooperação". O texto garante o acesso das ONGS aos centros de detenção, a possibilidade de recursos contra a decisão de extradição e o direito de assistência jurídica. Os imigrantes expulsos podem ficar impedidos de voltar por até cinco anos - essa pena máxima pode ser aplicada aos que não cooperarem ou forem considerados uma ameaça.
As novas regras são parte de um esforço para estabelecer uma política comum na UE sobre asilo e imigração até 2010. Elas não serão aplicadas imediatamente no Reino Unido e na Irlanda, pois estas não são membros da chamada Zona Schengen - nessa área, foram abolidos os controles imigratórios entre os países participantes. A Dinamarca também negociou sua exclusão dessa lei.
Quanto aos menores não acompanhados, aceita-se a possibilidade de que possam ser devolvidos a tutores que não forem parentes diretos ou a instituições adequadas de seu país. A assistência jurídica será gratuita, segundo estipularem as leis nacionais, e a ajuda gratuita nas apelações às decisões de expulsão só haverá quando existirem chances reais de êxito, e teria limites de tempo e de quantia econômica.
Oposição
Segundo a BBC, as regras, que afetarão a vida de cerca de 8 milhões de ilegais residentes atualmente na UE, são criticadas por instituições defensoras dos direitos humanos, como o Conselho da Europa e a Anistia Internacional, que a apelidaram de "diretiva da vergonha", em referência ao que consideram um tratamento "desumano" destinado aos imigrantes.
Para a Associação Européia de Defesa dos Direitos Humanos, "a detenção de homens, mulheres e crianças por até 18 meses simplesmente por residir ilegalmente (na UE) é inaceitável". Além disso, 44 governos da América Latina e da África - entre eles Bolívia e Equador - enviaram cartas à Comissão Européia e ao Alto Representante da UE, Javier Solana, condenando a diretiva e pedindo uma revisão das medidas propostas. Por sua parte, o Parlamento Europeu recebeu um documento assinado por cerca de 50 artistas, entre eles o cantor Manu Chao, pedindo aos deputados que não aprovassem a diretiva.
Essa foi a primeira vez que o Parlamento Europeu teve participação ativa em uma decisão sobre imigração, uma pasta de competência nacional, na qual os países membros têm políticas muito diferentes. As autoridades européias acreditam que a harmonização das regras de repatriação facilitará o controle da imigração ilegal em bloco onde as fronteiras internas são praticamente inexistentes.
terça-feira, junho 17, 2008
O sentido das coisas
(A Zona a Vida e a Morte)
O texto de Gisele Kato:
Wesley Duke Lee é um dos maiores artistas contemporâneos. Eu o entrevistei anos atrás e ficamos mais de três horas conversando sobre tudo -- arte, politica, Brasil, inconsciente, Index, etc.-- aqui não tem coffee break, ele disse....... Apaixonante, polêmico, brilhantissimo, grande talento.
A entrevista foi para um catálogo do Tide Hellmeister, numa exposição, e ele pediu pra entrevistar vários amigos artistas.
Ano passado, com a edição do livro sobre o Suplemento Literario, nossas vidas se cruzaram novamente, ele foi um dos autores que ilustraram o Suplemento nos anos 60 e pedi para meu amigo Argeu ir lá buscar a autorização de reprodução com ele.
Argeu não estranhou nada.
Ontem, por acaso, leio que saiu numa Veja SP uma matéria sobre ele. Fui atrás e descobri esse texto da jornalista que o fez, Gisele Kato, no seu blog.
Não pude crer quando ela diz que ele está com Alzheimer avançado.
E me lembrei imediatamente : na sua casa/estúdio em Santo Amaro ( o único artista que sempre morou lá nesse bairro tão sem glamour e nunca mudou: tem raízes) , anos atrás, havia uma mesa cheia de pequenos objetos , que nunca foram limpos- para mostrar a passagem do tempo, ele me disse.
Havia também um mural com muitas fotos, e ele disse que eram para ajudar a lembrar....
Grande Wesley Duke Lee.O texto de Gisele Kato:
"Foi ele quem protagonizou, em 1963, o primeiro happenning na cidade. Pregou seus desenhos nas paredes do antigo João Sebastião Bar, na Vila Buarque. Colocou música alta, jogou penas coloridas pelo ar e distribuiu lanternas para que as pessoas pudessem observar melhor suas obras. Conseguiu reunir tanta gente que baixou até polícia por lá. Mas ele não se importou. Só assim conseguiu divulgar um trabalho considerado obsceno pelas galerias um tanto caretas da época.Wesley Duke Lee sacudiu o circuito das artes plásticas ao longo de uma carreira de 50 anos. Questionador, polêmico e sedutor, ele esteve sempre um pouco na contramão do sistema, o que, talvez, explique o silêncio da crítica e do mercado com relação à sua trajetória. Wesley não se mexeu segundo as regras de ninguém. Inventou seu próprio jogo. O amigo Nelson Leirner, que com ele chegou a fundar em 1966 a Rex Gallery, me disse: "Ele encarnou o "duque" do nome".O Duke agora sofre de Mal de Alzheimer em estágio avançado. Eu fui à sua casa, na avenida João Dias, numa manhã recente. Ele pouco fala. Alterna momentos de lucidez com outros em que se sente perdido entre as próprias coisas. Dois gatinhos lhe fazem companhia. Meu objetivo era tentar conversar sobre a última série de pinturas feita pelo artista, intitulada O Filiarcado, de 1999. As telas estão agora expostas na galeria Ricardo Camargo.Desliguei o gravador logo que entrei. Não conseguiria um depoimento. Mas poderia aproveitar a visita para observar o máximo possível. Wesley morou em Santo Amaro desde sempre. Cada canto do endereço parece sussurrar uma história ou incorpora de fato sua personalidade. Há, por exemplo, um macaco de pelúcia pendurado no lustre da sala. Sobre as mesas, espalha-se uma quantidade sem fim de pequenos objetos, troféus, bibelôs, peças de playmobil, pincéis, tintas, bonequinhos de plástico.Lá sempre funcionou como ateliê também. A iluminação se dá com refletores de teatro. O pé direito alto acolhe peças de arte grandes. Dele e de amigos. Num cabide, os vários chapéus denunciam o estilo de se vestir do dono. Wesley adorava passear pela cidade em seu carro MP conversível. Baixava a capota e mostrava cada dia um chapéu diferente. Hoje é Claudio Tozzi quem mantém o tal automóvel 76 na garagem, pintado inclusive com um tom de verde inglês sugerido pelo antigo proprietário.Conceição, a enfermeira que cuida de Wesley, explica que até o começo do ano ele dormia num tatame. Pode-se mesmo ver muitas referências japonesas pela casa. Lembro então que o primeiro gesto de reconhecimento que ele teve como artista veio justamente do Japão - um prêmio na Bienal de Tóquio de 1965. No jardim, um lago com carpas completa o clima zen.Não fiquei muito por lá. O tempo de um café. Na saída, ele me pediu um abraço. Acho que sem saber direito quem eu era. Entrei no carro com a certeza de que deixava para trás um momento especial. Desses que só acontecem muito de vez em quando. E que têm o poder de nos recordar do sentido das coisas."
Wesley Duke Lee. Ricardo Camargo Galeria. Rua Frei Galvão, 121, Jardim Paulistano, 3031-3879. Segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 10h às 14h. Até 14de junho.
terça-feira, junho 10, 2008
Saci pra mascote da Copa
O amigo Mouzar Benedito, geógrafo, jornalista e escritor, grande contador de causos e defensor da causa do Saci, na associação Sosaci, acaba de ter uma grande idéia e pede divulgação. Vamos passar prá frente?
Ele diz:
"Numa reunião dia 5 na Biblioteca Monteiro Lobato, nos lembramos de uma coisa: vem aí a Copa do Mundo (2014 tá longe, mas é bom começar logo) e com certeza os marketeiros e lobbistas vão querer inventar uma mascote besta que nem o tal de Cauê (aquele sol esquisito) dos Jogos Panamericanos.
Que tal começarmos já uma campanha para que a mascote seja o Saci?
Veja as vantagens:
Primeiro, não seria preciso pagar direitos autorais a ninguém. No máximo, o que poderia ser feito é um concurso para cartunistas etc, para escolher o melhor desenho.
E por que o Saci?
- Ele é a síntese da formação do povo brasileiro:
É o mito brasileiro mais popular, o único conhecido no Brasil inteiro (Boitatá, Curupira e mesmo a Iara requerem explicações quando a gente fala deles, em alguns lugares. O Saci não).
É o típico brasileiro: mesmo pelado e deficiente físico, é brincalhão e gozador.
E tem mais:
- no início era um indiozinho protetor da floresta. Tinha duas pernas.
- depois foi adotado pelos negros e virou negro. A perda de uma perna tem
várias histórias. Uma delas é que ele foi escravizado, ficou preso pela
perna, com grilhões, e cortou a perna presa. Preferiu ser um perneta
livre do que escravo com duas pernas. É um libertário, então.
- dos brancos, ganhou o gorrinho vermelho, presente em vários mitos
europeus. O gorrinho vermelho era também usado pelos republicanos,
durante a Revolução Francesa. Na Roma antiga, os escravos que
se libertavam ganhavam um gorrinho vermelho chamado píleo.
Só não tem orientais nessa história porque eles chegaram mais tarde, já no século XX. Mas dizem que já foi visto um Saci de olhinhos puxados, no bairro da Liberdade, o Sashimi.
Você pode entrar no sítio da Sosaci (http://www.sosaci.org) que tem um monte de histórias de gente que viu o Saci, inclusive esse Sashimi (é a quarta ou quinta história).
Então, olha aí uma proposta, pedido, convocação ou sei lá o quê: entre nessa também.
Se você topar, vai ser uma baita força. Ajude a divulgar esta idéia e, se tiver condições, escreva, fale com quem tem espaço na mídia para que declarem sua adesão nos jornais, revistas, rádio, TV, blogues etc.
Já pensou o Saci em camisetas no mundo inteiro? Ele provocaria muito interesse dos outros povos para a cultura popular brasileira. Coisa que esses símbolos bestas (como o dos Jogos Panamericanos) não fazem.
Um abração.
Mouzar"
Que tal começarmos já uma campanha para que a mascote seja o Saci?
Veja as vantagens:
Primeiro, não seria preciso pagar direitos autorais a ninguém. No máximo, o que poderia ser feito é um concurso para cartunistas etc, para escolher o melhor desenho.
E por que o Saci?
- Ele é a síntese da formação do povo brasileiro:
É o mito brasileiro mais popular, o único conhecido no Brasil inteiro (Boitatá, Curupira e mesmo a Iara requerem explicações quando a gente fala deles, em alguns lugares. O Saci não).
É o típico brasileiro: mesmo pelado e deficiente físico, é brincalhão e gozador.
E tem mais:
- no início era um indiozinho protetor da floresta. Tinha duas pernas.
- depois foi adotado pelos negros e virou negro. A perda de uma perna tem
várias histórias. Uma delas é que ele foi escravizado, ficou preso pela
perna, com grilhões, e cortou a perna presa. Preferiu ser um perneta
livre do que escravo com duas pernas. É um libertário, então.
- dos brancos, ganhou o gorrinho vermelho, presente em vários mitos
europeus. O gorrinho vermelho era também usado pelos republicanos,
durante a Revolução Francesa. Na Roma antiga, os escravos que
se libertavam ganhavam um gorrinho vermelho chamado píleo.
Só não tem orientais nessa história porque eles chegaram mais tarde, já no século XX. Mas dizem que já foi visto um Saci de olhinhos puxados, no bairro da Liberdade, o Sashimi.
Você pode entrar no sítio da Sosaci (http://www.sosaci.org) que tem um monte de histórias de gente que viu o Saci, inclusive esse Sashimi (é a quarta ou quinta história).
Então, olha aí uma proposta, pedido, convocação ou sei lá o quê: entre nessa também.
Se você topar, vai ser uma baita força. Ajude a divulgar esta idéia e, se tiver condições, escreva, fale com quem tem espaço na mídia para que declarem sua adesão nos jornais, revistas, rádio, TV, blogues etc.
Já pensou o Saci em camisetas no mundo inteiro? Ele provocaria muito interesse dos outros povos para a cultura popular brasileira. Coisa que esses símbolos bestas (como o dos Jogos Panamericanos) não fazem.
Um abração.
Mouzar"
sexta-feira, junho 06, 2008
Na Galicia, a Telefónica também é muito conhecida
Leiam o que o Alberto Moncada escreveu, dá pra ler numa boa, galego é ancestral da flor do Lácio
http://altermundo.org/portal/content/view/873/311/
Os defensores do neoliberalismo aborrecen as empresas públicas. Un importante representante do empresariado español dicía recentemente que as mellores empresas públicas son as que non existen. A duras penas aceptan que haxa servizos públicos, que exista Estado de Benestar e moitos quixeran seguir o exemplo americano e privatizar a atención sanitaria, algo que en Europa aínda resulta inconcibíbel aínda que algúns gobernos, incluído o valenciano, estean xogando con fórmulas mixtas.
Pero a empresa pública actual ten pouco que ver coa que naceu logo da segunda guerra mundial. En Estados Unidos chamábanse "utilities" e foron creadas para encher os graves buracos do modelo de mercado en rexións subdesenvolvidas.
As primeiras "utilities" foron as eléctricas e a súa filosofía consistía en prestar un servizo, a un prezo primeiro subvencionado e logo regulado, reinvestindo os beneficios no mantemento e mellora do servizo pero sen que a compañía saíse ao mercado de capitais, tivese accionistas ou outras actividades distintas ás súas propias.
En Europa moitos servizos públicos, auga, electricidade, etc. tiñan outrora ese carácter e até a radio e a televisión naceron como servizos públicos aínda que logo o mercado empezase a recortar ese dominio eminente.
Actualmente, e por influencia do modelo americano, as empresas públicas estanse privatizando e o exemplo principal é a Telefónica que dende que as súas accións, as famosas "Matildes", comezaron a ser obxecto de propiedade privada, combinou un estraño modelo de monopolio cunha crecente actividade mercantil dentro e fóra de España. A Telefónica ten competidoras pero é a dona da rede terrestre, dese cabo que chega aos nosos fogares.
A Telefónica, como as empresas eléctricas, as de gas, auga, etc. actúan como empresas privadas pero sen o beneficio para o consumidor dunha aberta competencia e débense a uns accionistas cuxo beneficio é o principal obxectivo da empresa. A tal fin invisten os seus cartos onde cren que lles poida producir máis beneficios e as españolas saltaron recentemente as fronteiras asentándose en América Latina, nun novo episodio de colonialismo cada vez máis resentido polos nacionais.
"Dende que está Telefónica, o teléfono é moito máis caro", dicíame recentemente un amigo brasileiro. E o mesmo ocorre en Arxentina e outros países onde a Telefónica utiliza os seus pingües beneficios para crearse mercados alleos no canto de manter e mellorar o servizo telefónico español, que está bastante deteriorado.
Pronto lles vai a ocorrer ás empresas españolas o que lle ocorreu á francesa, que se fixo co servizo de augas en Cochabamba, Bolivia, triplicou os prezos e só unha revolta na rúa fixo ao goberno anular a concesión.
Este neocolonialismo español, ademais de conseguir que nos odien, transforma a condición de empresa pública a privada até extremos inverosímiles e nin sequera os períodos de goberno socialista puxeron coto a tales desmáns.
As empresas públicas tiñan monopolios xustamente pola súa función social e agora utilízano para o beneficio dos seus accionistas e executivos, medido ademais polo estreito marco da Bolsa.
Non parece que corran bos ventos para o consumidor nin para o cidadán e si para executivos e accionistas. Rexenerar o auténtico perfil da empresa pública, recuperar a súa función de servizo á cidadanía forma parte da inevitábel reacción contra o ataque neoliberal aos fundamentos da convivencia democrática.•
http://altermundo.org/portal/content/view/873/311/
Os defensores do neoliberalismo aborrecen as empresas públicas. Un importante representante do empresariado español dicía recentemente que as mellores empresas públicas son as que non existen. A duras penas aceptan que haxa servizos públicos, que exista Estado de Benestar e moitos quixeran seguir o exemplo americano e privatizar a atención sanitaria, algo que en Europa aínda resulta inconcibíbel aínda que algúns gobernos, incluído o valenciano, estean xogando con fórmulas mixtas.
Pero a empresa pública actual ten pouco que ver coa que naceu logo da segunda guerra mundial. En Estados Unidos chamábanse "utilities" e foron creadas para encher os graves buracos do modelo de mercado en rexións subdesenvolvidas.
As primeiras "utilities" foron as eléctricas e a súa filosofía consistía en prestar un servizo, a un prezo primeiro subvencionado e logo regulado, reinvestindo os beneficios no mantemento e mellora do servizo pero sen que a compañía saíse ao mercado de capitais, tivese accionistas ou outras actividades distintas ás súas propias.
En Europa moitos servizos públicos, auga, electricidade, etc. tiñan outrora ese carácter e até a radio e a televisión naceron como servizos públicos aínda que logo o mercado empezase a recortar ese dominio eminente.
Actualmente, e por influencia do modelo americano, as empresas públicas estanse privatizando e o exemplo principal é a Telefónica que dende que as súas accións, as famosas "Matildes", comezaron a ser obxecto de propiedade privada, combinou un estraño modelo de monopolio cunha crecente actividade mercantil dentro e fóra de España. A Telefónica ten competidoras pero é a dona da rede terrestre, dese cabo que chega aos nosos fogares.
A Telefónica, como as empresas eléctricas, as de gas, auga, etc. actúan como empresas privadas pero sen o beneficio para o consumidor dunha aberta competencia e débense a uns accionistas cuxo beneficio é o principal obxectivo da empresa. A tal fin invisten os seus cartos onde cren que lles poida producir máis beneficios e as españolas saltaron recentemente as fronteiras asentándose en América Latina, nun novo episodio de colonialismo cada vez máis resentido polos nacionais.
"Dende que está Telefónica, o teléfono é moito máis caro", dicíame recentemente un amigo brasileiro. E o mesmo ocorre en Arxentina e outros países onde a Telefónica utiliza os seus pingües beneficios para crearse mercados alleos no canto de manter e mellorar o servizo telefónico español, que está bastante deteriorado.
Pronto lles vai a ocorrer ás empresas españolas o que lle ocorreu á francesa, que se fixo co servizo de augas en Cochabamba, Bolivia, triplicou os prezos e só unha revolta na rúa fixo ao goberno anular a concesión.
Este neocolonialismo español, ademais de conseguir que nos odien, transforma a condición de empresa pública a privada até extremos inverosímiles e nin sequera os períodos de goberno socialista puxeron coto a tales desmáns.
As empresas públicas tiñan monopolios xustamente pola súa función social e agora utilízano para o beneficio dos seus accionistas e executivos, medido ademais polo estreito marco da Bolsa.
Non parece que corran bos ventos para o consumidor nin para o cidadán e si para executivos e accionistas. Rexenerar o auténtico perfil da empresa pública, recuperar a súa función de servizo á cidadanía forma parte da inevitábel reacción contra o ataque neoliberal aos fundamentos da convivencia democrática.•
Irritando o cidadão-1
A Telefonica, espanhola que ganhou o presentão tão festejado no governo FHC da privatização da Telesp, prometia dobrar os empregos e melhorar o serviço .Demitiu milhares , já os seus cabelos,continuam os mesmos...
Todo cidadão dessa cidade de Piratininga e desse Estado de São Paulo conhece bem os efeitos da mudança.
Não existem mais lojas de atendimento, que existiam antes e funcionavam, e por telefone, nem é preciso dizer o nivel. Os preços, então. Já viaram alguem pagar taxa obrigatoria de mais de 39,00 por nada? Isso é extorsão!
Oferecem produtos que nao têm capacidade de instalar, deixam a pessoa presa em casa esperando e não aparecem, cobram errado na conta e você pede análise, não avisam nada e cortam.
Por outro lado, as TVs a cabo sao iguais. Entre Net e TVA nosso coração balança, isso que é monopólio.
No momento, sou a 44a da fila de atendimento on line da TVA, para reclamar que foi pedido o encerramento do contrato em março, o desligamento foi em junho e acabo de receber uma conta para este mesmo mê!
O retorno que tive da Telefonica ocorreu porque escrevi para a seção Sao Paulo Reclama, do Estadão. O rapaz da assesoria, Paulo Junior, diosse que eu receberia a s segundas vias com õs descontos. Em seguida, momentos depois, minha linha foi desligada e só voltou 24 horas depois que paguei via internet.
Mas como, se não sabia de nada. E se nao tivesse internet?
Nao à toa a Telefonica permanece em primeiro lugar, campeã de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor, ao lado dos bancos.
Tenho de sair agora, pois esse tempo todo era a 44 no atendimento, já está perto de chegar a minha vez, puxa, que felicidade!
domingo, junho 01, 2008
Boêmios, intelectuais & outros bichos
Este artigo foi publicado no site Congresos em Foco
http://congressoemfoco.ig.com.br/DetArticulistas.aspx?colunista=11&articulista=468
Márcia Denser*
Se considerarmos que as transformações histórico-culturais do século XX ocorrem no Brasil – mais especificamente no eixo São Paulo-Rio – quase sempre vinte anos mais tarde que nos Estados Unidos, mudanças decorrentes do processo de modernização e das circunvoluções do capitalismo tardio, e devidamente adaptadas ao nosso subcapitalismo periférico, um livro como Os Últimos Intelectuais, do historiador norte-americano Russel Jacoby, se torna bastante esclarecedor, uma vez que trata do desaparecimento do “intelectual público” – o autodidata culto sem formação acadêmica – que, ao migrar em massa para as universidades após Segunda Guerra, desaparece da cena pública norte-americana sem deixar sucessores.
Através dele é possível fazer algumas conexões e começar a entender a chamada Extinção do Pensamento, presente nos textos de Paulo Arantes, e o Silêncio dos Intelectuais, dos seminários de Adauto Novaes, fenômenos observados entre as décadas de 90 e 2000.
Mas voltando a Jacoby, este ressalta que o ponto crítico não é a novidade da situação, mas sua amplitude: quando – antes de 50 – as universidades americanas ocupavam apenas um certo espaço da vida cultural, seus defeitos e virtudes significavam uma coisa, mas quando – depois de 60 – elas dominaram toda a área, suas regras se tornaram As Regras.
Os últimos intelectuais a que se refere o autor são os críticos literários, filósofos e economistas norte-americanos que surgiram nas décadas de 30-40, como Edmond Wilson, Mary MacCarthy, Munford, Galbraith, Daniel Bell, Norman Mailer, Noam Chomsky, Susan Sontag, que dirigiam seus trabalhos a um público amplo e esclarecido. Mas os intelectuais das últimas gerações – os nascidos a partir da década de 40 – emergiram numa sociedade em que a identidade entre as universidades e a vida intelectual era quase completa. Nos Estados Unidos, ser intelectual significava ser um professor.
Evidentemente, textos acadêmicos ininteligíveis não constituem novidade, mas para Jacoby a questão não é o talento, coragem ou postura política, mas o fato de não ter surgido a oportunidade para dominarem uma linguagem pública; conseqüentemente, seus escritos não tiveram impacto público.
De fato, se a cultura pública é desvirtuada pelo dinheiro e pelo interesse privado, os intelectuais que sobressaem pouco significam. Por outro lado, uma cultura secreta sem contato com o público é absolutamente improvável. E improdutiva. A verdadeira cultura se alimenta do debate, do intercâmbio de muitas vozes, do exercício público dum pensamento crítico. Sem isso, ela se esteriliza.
Entrincheirados nas universidades, não importa quanto estes intelectuais produzissem: para o grande público, eles se tornaram invisíveis. Por optarem pela segurança de uma carreira (e aqui Jacoby inclui a esquerda norte-americana formada pelos radicais dos anos 60), eles mantêm uma relação de dependência com as instituições que os sustentam. Eles cresceram num mundo em que eram raros os pensadores independentes da universidade. Assim como as gerações anteriores de intelectuais quase nunca consideravam as carreiras universitárias, o inverso se tornou realidade. E considerar significa avaliar as oportunidades reais: reflete realidades sociais modificadas, não apenas desejos modificados.
E quais as causas desse deslocamento da intelligentsia para o restrito universo acadêmico? Que realidades sociais foram modificadas? A resposta a essas questões passa necessariamente pela reestruturação das cidades, pela expansão da educação universitária depois da Segunda Guerra Mundial e pelo desaparecimento do cenário boêmio.
Esboçando certa “sociologia da boemia”, o autor ressalta a importância dessa na formação de gerações intelectuais, uma vez que um modo de vida boêmio favorece a emergência dos novos talentos. Segundo Malcolm Cowley[1], escritores não surgem isoladamente, a intervalos aleatórios, eles aparecem em grupos ou constelações circundados por anos comparativamente vazios. Scott Fitzgerald escreveu que uma verdadeira geração tem seus líderes e porta-vozes e traz para sua órbita aqueles nascidos logo antes e logo depois.
Cowley revisa o clássico argumento de Max Weber de que a ética puritana – repressão, ascetismo, culpa – lubrifica as máquinas do capitalismo. E ética da produção que pregava a indústria, a previdência, a poupança pertencia a uma era anterior à máquina. O capitalismo recente não precisava de trabalho e economia, mas de lazer e gastos, não de uma ética de produção, mas de uma ética de consumo. Nesse conflito entre ética de produção antiga e ética de consumo recente, Greenwich Village, o bairro boêmio novaiorquino, teve um papel crucial: sua devoção ao prazer e à auto-expressão se ajustava ao “etos do mercado”. Donde que a boemia provou ser sua vanguarda. “Viver o momento” passou a promover o consumismo, acabaram-se restrições de preço e utilidade. Até a “igualdade feminina” – uma realidade na boemia – passou a vender cigarros. Em 1929!
Quarenta anos depois, a sexualidade e a subversão dos anos 60 comercializaram, popularizaram, banalizaram e, por fim, destruíram a ética boêmia que, sob o nome de contracultura, fundiu-se na corrente da “cultura” principal: a do dinheiro. E os shopping centers anti-tabagistas cortaram qualquer possibilidade de vida boêmia, senão de vida cultural propriamente dita tal como foi definida lá atrás.
Voltando ao sumiço do “intelectual público”: aqui também eles sumiram completamente.
E a nossa perda é ainda maior, pois se, para Russel Jacoby, os Estados Unidos jamais tiveram um pensamento crítico-cultural brilhante, e ele estava se referindo aos pensadores europeus – Derrida, Sartre, Camus, Habermas, Lacan, Foucault, aos escritores latino-americanos – Garcia Márquez, Borges, Cortázar – no Brasil, cujo pensamento tem origem no ensaísmo livre de Gilberto Freyre e Euclides da Cunha, tivemos intelectuais públicos admiráveis entre os anos 50 e 70 – Celso Furtado, Antonio Callado, Nelson Rodrigues, Antonio Cândido, Ferreira Gullar, Glauber Rocha, Stanislaw Ponte Preta, toda a turma do Pasquim (não quero ser extensiva) até Paulo Francis, morto em 1997, o último dos velhos dragões do pensamento independente a escrever na imprensa.
Realmente admiráveis, concordemos ou não com suas idéias.
E o que temos hoje? Diogo Mainard? O blog do Reinaldo Azevedo? Arnaldo Jabor?
Paulo Coelho? Lya Luft? Gabriel Chalita?
Sociologismos à parte, à vista dessa fauna não admira que qualquer intelectual de bom-senso prefira ficar calado.
[1] Editor e agitador cultural, publicou The Paris Review a partir de 1953, revista de língua inglesa editada na França, com as famosas entrevistas de escritores consagrados mais tarde publicadas em livro com o título de Writers at work, traduzido no Brasil como Escritores em Ação, pela Paz e Terra, e a série de três volumes de Os Escritores, pela Companhia das Letras.
PUBLICADO EM:26/05/2008
* A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), Toda Prosa (2002) e Caim (2006). Participou de várias antologias importantes no Brasil e no exterior. Organizou três delas - uma das quais, Contos eróticos femininos, editada na Alemanha. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é pesquisadora de literatura brasileira contemporânea, jornalista e publicitária.
http://congressoemfoco.ig.com.br/DetArticulistas.aspx?colunista=11&articulista=468
Márcia Denser*
Se considerarmos que as transformações histórico-culturais do século XX ocorrem no Brasil – mais especificamente no eixo São Paulo-Rio – quase sempre vinte anos mais tarde que nos Estados Unidos, mudanças decorrentes do processo de modernização e das circunvoluções do capitalismo tardio, e devidamente adaptadas ao nosso subcapitalismo periférico, um livro como Os Últimos Intelectuais, do historiador norte-americano Russel Jacoby, se torna bastante esclarecedor, uma vez que trata do desaparecimento do “intelectual público” – o autodidata culto sem formação acadêmica – que, ao migrar em massa para as universidades após Segunda Guerra, desaparece da cena pública norte-americana sem deixar sucessores.
Através dele é possível fazer algumas conexões e começar a entender a chamada Extinção do Pensamento, presente nos textos de Paulo Arantes, e o Silêncio dos Intelectuais, dos seminários de Adauto Novaes, fenômenos observados entre as décadas de 90 e 2000.
Mas voltando a Jacoby, este ressalta que o ponto crítico não é a novidade da situação, mas sua amplitude: quando – antes de 50 – as universidades americanas ocupavam apenas um certo espaço da vida cultural, seus defeitos e virtudes significavam uma coisa, mas quando – depois de 60 – elas dominaram toda a área, suas regras se tornaram As Regras.
Os últimos intelectuais a que se refere o autor são os críticos literários, filósofos e economistas norte-americanos que surgiram nas décadas de 30-40, como Edmond Wilson, Mary MacCarthy, Munford, Galbraith, Daniel Bell, Norman Mailer, Noam Chomsky, Susan Sontag, que dirigiam seus trabalhos a um público amplo e esclarecido. Mas os intelectuais das últimas gerações – os nascidos a partir da década de 40 – emergiram numa sociedade em que a identidade entre as universidades e a vida intelectual era quase completa. Nos Estados Unidos, ser intelectual significava ser um professor.
Evidentemente, textos acadêmicos ininteligíveis não constituem novidade, mas para Jacoby a questão não é o talento, coragem ou postura política, mas o fato de não ter surgido a oportunidade para dominarem uma linguagem pública; conseqüentemente, seus escritos não tiveram impacto público.
De fato, se a cultura pública é desvirtuada pelo dinheiro e pelo interesse privado, os intelectuais que sobressaem pouco significam. Por outro lado, uma cultura secreta sem contato com o público é absolutamente improvável. E improdutiva. A verdadeira cultura se alimenta do debate, do intercâmbio de muitas vozes, do exercício público dum pensamento crítico. Sem isso, ela se esteriliza.
Entrincheirados nas universidades, não importa quanto estes intelectuais produzissem: para o grande público, eles se tornaram invisíveis. Por optarem pela segurança de uma carreira (e aqui Jacoby inclui a esquerda norte-americana formada pelos radicais dos anos 60), eles mantêm uma relação de dependência com as instituições que os sustentam. Eles cresceram num mundo em que eram raros os pensadores independentes da universidade. Assim como as gerações anteriores de intelectuais quase nunca consideravam as carreiras universitárias, o inverso se tornou realidade. E considerar significa avaliar as oportunidades reais: reflete realidades sociais modificadas, não apenas desejos modificados.
E quais as causas desse deslocamento da intelligentsia para o restrito universo acadêmico? Que realidades sociais foram modificadas? A resposta a essas questões passa necessariamente pela reestruturação das cidades, pela expansão da educação universitária depois da Segunda Guerra Mundial e pelo desaparecimento do cenário boêmio.
Esboçando certa “sociologia da boemia”, o autor ressalta a importância dessa na formação de gerações intelectuais, uma vez que um modo de vida boêmio favorece a emergência dos novos talentos. Segundo Malcolm Cowley[1], escritores não surgem isoladamente, a intervalos aleatórios, eles aparecem em grupos ou constelações circundados por anos comparativamente vazios. Scott Fitzgerald escreveu que uma verdadeira geração tem seus líderes e porta-vozes e traz para sua órbita aqueles nascidos logo antes e logo depois.
Cowley revisa o clássico argumento de Max Weber de que a ética puritana – repressão, ascetismo, culpa – lubrifica as máquinas do capitalismo. E ética da produção que pregava a indústria, a previdência, a poupança pertencia a uma era anterior à máquina. O capitalismo recente não precisava de trabalho e economia, mas de lazer e gastos, não de uma ética de produção, mas de uma ética de consumo. Nesse conflito entre ética de produção antiga e ética de consumo recente, Greenwich Village, o bairro boêmio novaiorquino, teve um papel crucial: sua devoção ao prazer e à auto-expressão se ajustava ao “etos do mercado”. Donde que a boemia provou ser sua vanguarda. “Viver o momento” passou a promover o consumismo, acabaram-se restrições de preço e utilidade. Até a “igualdade feminina” – uma realidade na boemia – passou a vender cigarros. Em 1929!
Quarenta anos depois, a sexualidade e a subversão dos anos 60 comercializaram, popularizaram, banalizaram e, por fim, destruíram a ética boêmia que, sob o nome de contracultura, fundiu-se na corrente da “cultura” principal: a do dinheiro. E os shopping centers anti-tabagistas cortaram qualquer possibilidade de vida boêmia, senão de vida cultural propriamente dita tal como foi definida lá atrás.
Voltando ao sumiço do “intelectual público”: aqui também eles sumiram completamente.
E a nossa perda é ainda maior, pois se, para Russel Jacoby, os Estados Unidos jamais tiveram um pensamento crítico-cultural brilhante, e ele estava se referindo aos pensadores europeus – Derrida, Sartre, Camus, Habermas, Lacan, Foucault, aos escritores latino-americanos – Garcia Márquez, Borges, Cortázar – no Brasil, cujo pensamento tem origem no ensaísmo livre de Gilberto Freyre e Euclides da Cunha, tivemos intelectuais públicos admiráveis entre os anos 50 e 70 – Celso Furtado, Antonio Callado, Nelson Rodrigues, Antonio Cândido, Ferreira Gullar, Glauber Rocha, Stanislaw Ponte Preta, toda a turma do Pasquim (não quero ser extensiva) até Paulo Francis, morto em 1997, o último dos velhos dragões do pensamento independente a escrever na imprensa.
Realmente admiráveis, concordemos ou não com suas idéias.
E o que temos hoje? Diogo Mainard? O blog do Reinaldo Azevedo? Arnaldo Jabor?
Paulo Coelho? Lya Luft? Gabriel Chalita?
Sociologismos à parte, à vista dessa fauna não admira que qualquer intelectual de bom-senso prefira ficar calado.
[1] Editor e agitador cultural, publicou The Paris Review a partir de 1953, revista de língua inglesa editada na França, com as famosas entrevistas de escritores consagrados mais tarde publicadas em livro com o título de Writers at work, traduzido no Brasil como Escritores em Ação, pela Paz e Terra, e a série de três volumes de Os Escritores, pela Companhia das Letras.
PUBLICADO EM:26/05/2008
* A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), Toda Prosa (2002) e Caim (2006). Participou de várias antologias importantes no Brasil e no exterior. Organizou três delas - uma das quais, Contos eróticos femininos, editada na Alemanha. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é pesquisadora de literatura brasileira contemporânea, jornalista e publicitária.