O grande cronópio Julio Cortazar lê o capitulo 7 de Rayuela, uma das mais belas peças que já li:
"Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano en tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos
miramos cada vez más de cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio.
Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mi como una luna en el agua."
sexta-feira, setembro 28, 2007
quarta-feira, setembro 26, 2007
Desta vez vai voar pena
EDITORIAL
Brasil de Fato
S.Paulo, 25.09.2007
Em meados dos anos 1970, o ator alemão Helmut Berger foi aplaudido em todo o mundo e em cada festival de cinema, por sua atuação em Os deuses malditos, do diretor italiano Lucchino Visconti. Um dos motivos do sucesso residia na cena onde Berger, travestido, mimetizava a atriz (também alemã) Marlene Dietricht, em sua performance cantando e dançando no filme O Anjo Azul que marcara época algumas décadas antes.
O jovem Berger deu muitas entrevistas e declarações até que, um belo dia, recebeu uma foto da cena original enviada por Dietricht, agora já uma senhora, com a seguinte anotação enquanto dedicatória:
Qual de nós é a mais bela?
A resposta era óbvia há perguntas que só são feitas quando se tem certeza da resposta.
Ao que tudo indica, até a próxima semana, a política institucional brasileira deverá nos brindar com episódio semelhante (farsa ou tragédia?). Comenta-se que o senador, ex-presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e ex-governador de Minas Eduardo Azeredo já está com sua foto sobrescrita com dedicatória semelhante à da Dietricht, para enviar para alguns ex-dirigentes petistas: até o dia 30 de setembro, o procurador Geral da República Antonio Fernando de Souza deverá enviar denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o escândalo do mensalão tucano, encabeçado pelo senador Azeredo. O senador capitaneia uma lista de 36 nomes com diferentes níveis de compromisso com seu partido e seu governo. Entre estes, estariam dirigentes das estatais Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa, Companhia Mineradora de Minas Gerais – Comig (atual Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – Codemig), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), e do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), privatizado durante o governo do senador Azeredo. A denúncia tem como base investigações da Polícia Federal e envolve falcatruas que somam R$ 100 milhões, dos quais R$ 110 mil teriam sido enviados para a campanha do então candidato a deputado Aécio Neves, hoje governador de Minas.
A origem da especulação em torno da foto e da dedicatória que o senador peessedebista já teria prontas para enviar para os ex-dirigentes petistas, fundamenta-se na chamada arrogância tucana. De acordo com os observadores e analistas políticos, os tucanos jamais aceitam ser superados. São os melhores em tudo. São os maiores em tudo. Aliás, nesse assunto de mensalões, não temos a menor dúvida: seria covardia comparar qualquer prócer (ou ex-prócer) do atual Governo, com o ex-ministro tucano Sérgio Motta para ficarmos apenas com um exemplo, e na esfera do Executivo Federal. Isto porque, de acordo com a informação publicada em 25 de setembro na página eletrônica Congresso em Foco ( com base em dados do STF, dos 13 representantes do PSDB no Senado (entre os quais o senador Eduardo Azeredo), nove estão sendo processados por desvio de verbas, improbidade, peculato, compra de votos e outras atividades criminosas – ou seja, 70% da bancada tucana. Nessa mesma Casa, o Partido dos Trabalhadores (PT), conta com 13 senadores. De acordo com Congresso em Foco/STF, nenhum dos petistas está sendo investigado ou processado. Nenhum elogio. Não fazem mais que a obrigação. O que nos interessa aqui é o nefasto papel que vem sendo exercido pelo Partido da Mídia ( PM), que tendo acesso a essas informações, insiste em ocultá-las.
Carta do leitor
Quando fechávamos este editorial, recebemos do nosso leitor JB, de Niterói (RJ), a seguinte mensagem:
Cortina de fumaça:
enquanto a gente discute esta porra de corrupção, que não leva nem 10 milhões de reais por dia dos cofres públicos, Lula paga 750 milhões por dia aos banqueiros.
JB
Resposta da redação
Prezado leitor,
concordamos que o senhor se sinta indignado com o que tem sido pago com o nosso dinheiro dinheiro do povo brasileiro aos banqueiros. Nós também nos sentimos insultados com essa sangria.
Aliás, se você tem acompanhado o nosso jornal, vimos há anos tentando chamar a atenção do presidente Luiz Inácio para o assunto.
No entanto, desconfiamos que ele e sua equipe econômica não estão muito interessados em nos ouvir.
Alguns movimentos populares também têm insistido no tema, ocupando ruas, avenidas e praças, aos gritos, mas com igual insucesso.
Apesar disso, amigo leitor, continuaremos tentando. Mesmo acreditando que o atual momento não é muito propício: não sei se você está informado, o nosso presidente acaba de ser ungido por seu colega estadunidense, senhor George Bush, da missão de Apóstolo do Etanol. E você sabe o quão empenhado, dedicado e obsessivo costuma ser um apóstolo.
BF
Brasil de Fato
S.Paulo, 25.09.2007
Em meados dos anos 1970, o ator alemão Helmut Berger foi aplaudido em todo o mundo e em cada festival de cinema, por sua atuação em Os deuses malditos, do diretor italiano Lucchino Visconti. Um dos motivos do sucesso residia na cena onde Berger, travestido, mimetizava a atriz (também alemã) Marlene Dietricht, em sua performance cantando e dançando no filme O Anjo Azul que marcara época algumas décadas antes.
O jovem Berger deu muitas entrevistas e declarações até que, um belo dia, recebeu uma foto da cena original enviada por Dietricht, agora já uma senhora, com a seguinte anotação enquanto dedicatória:
Qual de nós é a mais bela?
A resposta era óbvia há perguntas que só são feitas quando se tem certeza da resposta.
Ao que tudo indica, até a próxima semana, a política institucional brasileira deverá nos brindar com episódio semelhante (farsa ou tragédia?). Comenta-se que o senador, ex-presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e ex-governador de Minas Eduardo Azeredo já está com sua foto sobrescrita com dedicatória semelhante à da Dietricht, para enviar para alguns ex-dirigentes petistas: até o dia 30 de setembro, o procurador Geral da República Antonio Fernando de Souza deverá enviar denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o escândalo do mensalão tucano, encabeçado pelo senador Azeredo. O senador capitaneia uma lista de 36 nomes com diferentes níveis de compromisso com seu partido e seu governo. Entre estes, estariam dirigentes das estatais Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa, Companhia Mineradora de Minas Gerais – Comig (atual Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – Codemig), Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), e do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), privatizado durante o governo do senador Azeredo. A denúncia tem como base investigações da Polícia Federal e envolve falcatruas que somam R$ 100 milhões, dos quais R$ 110 mil teriam sido enviados para a campanha do então candidato a deputado Aécio Neves, hoje governador de Minas.
A origem da especulação em torno da foto e da dedicatória que o senador peessedebista já teria prontas para enviar para os ex-dirigentes petistas, fundamenta-se na chamada arrogância tucana. De acordo com os observadores e analistas políticos, os tucanos jamais aceitam ser superados. São os melhores em tudo. São os maiores em tudo. Aliás, nesse assunto de mensalões, não temos a menor dúvida: seria covardia comparar qualquer prócer (ou ex-prócer) do atual Governo, com o ex-ministro tucano Sérgio Motta para ficarmos apenas com um exemplo, e na esfera do Executivo Federal. Isto porque, de acordo com a informação publicada em 25 de setembro na página eletrônica Congresso em Foco (
Carta do leitor
Quando fechávamos este editorial, recebemos do nosso leitor JB, de Niterói (RJ), a seguinte mensagem:
Cortina de fumaça:
enquanto a gente discute esta porra de corrupção, que não leva nem 10 milhões de reais por dia dos cofres públicos, Lula paga 750 milhões por dia aos banqueiros.
JB
Resposta da redação
Prezado leitor,
concordamos que o senhor se sinta indignado com o que tem sido pago com o nosso dinheiro dinheiro do povo brasileiro aos banqueiros. Nós também nos sentimos insultados com essa sangria.
Aliás, se você tem acompanhado o nosso jornal, vimos há anos tentando chamar a atenção do presidente Luiz Inácio para o assunto.
No entanto, desconfiamos que ele e sua equipe econômica não estão muito interessados em nos ouvir.
Alguns movimentos populares também têm insistido no tema, ocupando ruas, avenidas e praças, aos gritos, mas com igual insucesso.
Apesar disso, amigo leitor, continuaremos tentando. Mesmo acreditando que o atual momento não é muito propício: não sei se você está informado, o nosso presidente acaba de ser ungido por seu colega estadunidense, senhor George Bush, da missão de Apóstolo do Etanol. E você sabe o quão empenhado, dedicado e obsessivo costuma ser um apóstolo.
domingo, setembro 23, 2007
O livro didático que a Globo quer proibir
A ousadia desses escribas da Globo passou dos limites há muito. Leiam só artigo publicaod em
: http://www.novae.inf.br/
A respeito do artigo do jornalista Ali Kamel no jornal O Globo de 18 de setembro de 2007 sobre o volume de 8ª série da obra Nova História Crítica, de Mario Schmidt, o autor e a Editora Nova Geração comentam:
Nova História Crítica da Editora Nova Geração não é o único nem o primeiro livro didático brasileiro que questiona a permanência de estruturas injustas e que enfoca os conflitos sociais em nossa história. Entretanto, é com orgulho que constatamos que nenhuma outra obra havia provocado reação tão direta e tão agressiva de uma das maiores empresas privadas de comunicação do país.
Compreendemos que o sr. Ali Kamel, que ocupa cargo executivo de destaque nas Organizações Globo, possa ter restrições às posturas críticas de nossa obra. Compreendemos até que ele possa querer os livros didáticos que façam crer ’’que socialismo é mau e a solução para tudo é o capitalismo’’.
Certamente, nossas visões políticas diferem das visões do sr. Ali Kamel e dos proprietários da empresa que o contratou. O que não aceitamos é que, em nome da defesa da liberdade individual, ele aparentemente sugira a abolição dessas liberdades. Não publicamos livros para fazer crer nisso ou naquilo, mas para despertar nos estudantes a capacidade crítica de ver além das aparências e de levar em conta múltiplos aspectos da realidade. Nosso grande ideal não é o de Stálin ou de Mao Tsetung, mas o de Kant: que os indivíduos possam pensar por conta própria, sem serem guiados por outros. Assim, em primeiro lugar exigimos respeito. Nós jamais acusaríamos o sr. Kamel de ser racista apenas porque tentou argumentar racionalmente contra o sistema de cotas nas universidades brasileiras. E por isso mesmo estranhamos que ele, no seu inegável direito de questionar obras didáticas que não façam elogios irrestritos à isenção do Jornal Nacional, tenha precisado editar passagens de modo a apresentar Nova História Crítica como ridículo manual de catecismo marxista. Selecionar trechos e isolá-los do contexto talvez fosse técnica de manipulação ultrapassada, restrita aos tempos das edições dos debates presidenciais na tevê. Mas o artigo do sr. Ali Kamel parece reavivar esse procedimento. Ele escolheu os trechos que revelariam as supostas inclinações stalinistas ou maoístas do autor de Nova História Crítica. Por exemplo, omitiu partes como estas: ’’A URSS era uma ditadura. O Partido Comunista tomava todas as decisões importantes. As eleições eram apenas uma encenação (...). Quem criticasse o governo ia para a prisão. (...) Em vez da eficácia econômica havia mesmo era uma administração confusa e lenta. (...) Milhares e milhares de indivíduos foram enviados a campos de trabalho forçado na Sibéria, os terríveis Gulags. Muita gente foi torturada até a morte pelos guardas stalinistas...’’ (pp. 63-65). Ali Kamel perguntou por onde seria possível as crianças saberem das insanidades da Revolução Chinesa. Ora, bastaria ter encotrado trechos como estes: ’’O Grande Salto para a Frente tinha fracassado. O resultado foi uma terrível epidemia de fome que dizimou milhares de pessoas. (...) Mao (...) agiu de forma parecida com Stálin, perseguindo os opositores e utilizando recursos de propaganda para criar a imagem oficial de que era infalível.’’ (p. 191) ’’Ouvir uma fita com rock ocidental podia levar alguém a freqüentar um campo de reeducação política. (...) Nas universidades, as vagas eram reservadas para os que demonstravam maior desempenho nas lutas políticas. (...) Antigos dirigentes eram arrancados do poder e humilhados por multidões de adolescentes que consideravam o fato de a pessoa ter 60 ou 70 anos ser suficiente para ela não ter nada a acrescentar ao país...’’ (p. 247) Os livros didáticos adquiridos pelo MEC são escolhidos apenas pelos professores das escolas públicas. Não há interferência alguma de funcionários do Ministério. O sr. Ali Kamel tem o direito de não gostar de certos livros didáticos. Mas por que ele julga que sua capacidade de escolha deveria prevalecer sobre a de dezenas de milhares de professores? Seria ele mais capacitado para reconhecer obras didáticas de valor? E, se os milhares de professores que fazem a escolha, escolhem errado (conforme os critérios do sr. Ali Kamel), o que o MEC deveria fazer com esses professores? Demiti-los? Obrigá-los a adotar os livros preferidos pelas Organizações Globo? Internar os professores da rede pública em Gulags, campos de reeducação ideológica forçada para professores com simpatia pela esquerda política? Ou agir como em 1964?
: http://www.novae.inf.br/
A respeito do artigo do jornalista Ali Kamel no jornal O Globo de 18 de setembro de 2007 sobre o volume de 8ª série da obra Nova História Crítica, de Mario Schmidt, o autor e a Editora Nova Geração comentam:
Nova História Crítica da Editora Nova Geração não é o único nem o primeiro livro didático brasileiro que questiona a permanência de estruturas injustas e que enfoca os conflitos sociais em nossa história. Entretanto, é com orgulho que constatamos que nenhuma outra obra havia provocado reação tão direta e tão agressiva de uma das maiores empresas privadas de comunicação do país.
Compreendemos que o sr. Ali Kamel, que ocupa cargo executivo de destaque nas Organizações Globo, possa ter restrições às posturas críticas de nossa obra. Compreendemos até que ele possa querer os livros didáticos que façam crer ’’que socialismo é mau e a solução para tudo é o capitalismo’’.
Certamente, nossas visões políticas diferem das visões do sr. Ali Kamel e dos proprietários da empresa que o contratou. O que não aceitamos é que, em nome da defesa da liberdade individual, ele aparentemente sugira a abolição dessas liberdades. Não publicamos livros para fazer crer nisso ou naquilo, mas para despertar nos estudantes a capacidade crítica de ver além das aparências e de levar em conta múltiplos aspectos da realidade. Nosso grande ideal não é o de Stálin ou de Mao Tsetung, mas o de Kant: que os indivíduos possam pensar por conta própria, sem serem guiados por outros. Assim, em primeiro lugar exigimos respeito. Nós jamais acusaríamos o sr. Kamel de ser racista apenas porque tentou argumentar racionalmente contra o sistema de cotas nas universidades brasileiras. E por isso mesmo estranhamos que ele, no seu inegável direito de questionar obras didáticas que não façam elogios irrestritos à isenção do Jornal Nacional, tenha precisado editar passagens de modo a apresentar Nova História Crítica como ridículo manual de catecismo marxista. Selecionar trechos e isolá-los do contexto talvez fosse técnica de manipulação ultrapassada, restrita aos tempos das edições dos debates presidenciais na tevê. Mas o artigo do sr. Ali Kamel parece reavivar esse procedimento. Ele escolheu os trechos que revelariam as supostas inclinações stalinistas ou maoístas do autor de Nova História Crítica. Por exemplo, omitiu partes como estas: ’’A URSS era uma ditadura. O Partido Comunista tomava todas as decisões importantes. As eleições eram apenas uma encenação (...). Quem criticasse o governo ia para a prisão. (...) Em vez da eficácia econômica havia mesmo era uma administração confusa e lenta. (...) Milhares e milhares de indivíduos foram enviados a campos de trabalho forçado na Sibéria, os terríveis Gulags. Muita gente foi torturada até a morte pelos guardas stalinistas...’’ (pp. 63-65). Ali Kamel perguntou por onde seria possível as crianças saberem das insanidades da Revolução Chinesa. Ora, bastaria ter encotrado trechos como estes: ’’O Grande Salto para a Frente tinha fracassado. O resultado foi uma terrível epidemia de fome que dizimou milhares de pessoas. (...) Mao (...) agiu de forma parecida com Stálin, perseguindo os opositores e utilizando recursos de propaganda para criar a imagem oficial de que era infalível.’’ (p. 191) ’’Ouvir uma fita com rock ocidental podia levar alguém a freqüentar um campo de reeducação política. (...) Nas universidades, as vagas eram reservadas para os que demonstravam maior desempenho nas lutas políticas. (...) Antigos dirigentes eram arrancados do poder e humilhados por multidões de adolescentes que consideravam o fato de a pessoa ter 60 ou 70 anos ser suficiente para ela não ter nada a acrescentar ao país...’’ (p. 247) Os livros didáticos adquiridos pelo MEC são escolhidos apenas pelos professores das escolas públicas. Não há interferência alguma de funcionários do Ministério. O sr. Ali Kamel tem o direito de não gostar de certos livros didáticos. Mas por que ele julga que sua capacidade de escolha deveria prevalecer sobre a de dezenas de milhares de professores? Seria ele mais capacitado para reconhecer obras didáticas de valor? E, se os milhares de professores que fazem a escolha, escolhem errado (conforme os critérios do sr. Ali Kamel), o que o MEC deveria fazer com esses professores? Demiti-los? Obrigá-los a adotar os livros preferidos pelas Organizações Globo? Internar os professores da rede pública em Gulags, campos de reeducação ideológica forçada para professores com simpatia pela esquerda política? Ou agir como em 1964?
Modo Daslu de vida lança almas no mercado
fonte:http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=790
Por Laerte Braga
A modelo e atriz Pamela Anderson (protagonista do seriado SOS-MALIBU) perdeu 250 mil dólares num jogo de pôquer em um cassino de Las Vegas e pagou com "favores sexuais". É o que conta a imprensa de seu país. Pamela ficou sensibilizada e "apaixonada" por uma pessoa presente ao jogo, Rick Salomon, jogador profissional, que se ofereceu para quitar a dívida.
O jornal francês LE MONDE revela que o estado do Pará está sendo devastado pelas plantações de soja. O jornal dá conta que em poucos anos a continuar o ritmo de desmatamento a Amazônia paraense deixará de existir. O estado vai ficar igual ao Mato Grosso, onde as florestas deram lugar às plantações de soja transgênica. O governo Lula sabe e autorizou.
Um colecionador anônimo, de 90 anos de idade, enviou ao Museu do Holocausto fotos inéditas do campo de concentração de Auschwitz. As fotos, já autenticadas por especialistas, mostram oficiais nazistas, homens e mulheres, se divertindo num dos mais bárbaros campos de prisioneiros judeus na IIº Grande Guerra. Tal era a pressa em matar judeus ao fim da guerra que os fornos crematórios enguiçaram e muitos corpos foram queimados em valas abertas dentro do próprio campo. O médico Joseph Mengele, que fazia experiências com seres vivos, era um dos protagonistas das festas. Mengele morreu no Brasil. Um dado a ser observado. O comandante do campo, ao término da guerra, cumpriu pena de sete anos de prisão depois de descoberto exercendo uma função qualquer num banco da Alemanha e, quando saiu da cadeia foi recontratado pelo banco. Há dois aspectos nesse fato. O compromisso de banqueiros com o nazismo. Lucraram horrores e o caráter comum das pessoas que muitas vezes se transformavam em monstros e monstros foram na esteira da boçalidade nazi-fascista, hoje com roupagem DASLU. Os nazistas tinham o hábito de carregar pastas para onde quer que fossem. Era marca registrada e alguns algemavam as pastas ao seus punhos para evitar que fossem perdidas ou roubadas.
O senador Renan Calheiros voltou a Brasília, reassumiu as funções de presidente da dita Câmara Alta e vai tratar de segurar os novos processos contra ele. Deve sacrificar algumas vacas de seu rebanho mágico para escapar à cassação. Tem um vasto campo para negociar, ainda mais agora que o mensalão mineiro foi divulgado e entre os beneficiados, o principal, está o pastel Eduardo Azeredo, não por acaso tucano. Não teria a menor importância e nem faria diferença se fosse petista ou democrata. FHC nem dorme com Cacciola preso e naturalmente ávido por poder sair e gastar os milhões que pegou com o Banco Central do Brasil. Se contar o que sabe e como as coisas aconteceram cai a última máscara do ex-presidente. A pose de bandido impune. Um dado importante é que o ministro do Supremo Tribunal Federal que deu a Cacciola o hábeas corpus que lhe permitiu fugir para a Itália, é Marco Aurélio Mello, primo de Collor e vizinho do banqueiro. Ambos têm um apartamento no condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (há dúvidas sobre se a Barra integra o Rio, ou se é subúrbio "pobre" de Miami. Vera Loyola deve poder sanar essa interrogação nos momentos em que estiver livre das tarefas de levar a cachorrinha de helicóptero para o cabeleireiro). O fato foi revelado pelo colunista Ancelmo Góis do jornal O GLOBO. (Ancelmo com "c" mesmo).
A DASLU prepara a coleção de verão e em alto estilo. Vai liquidar os seres mercadorias para lançar almas no mercado. Têm grife, são contrabandeadas com todo cuidado em embalagens climatizadas e segundo alguns já estão todas vendidas. Pré venda. Devem ornamentar as passeatas do CANSEI, participar de torneios de tiros de ovos podres nas "vagabundas", contribuir para o CRIANÇA ESPERANÇA e esparramarem o modelo para a classe média em versões mais baratas e no crediário com juros extorsivos. Os pobres poderão comprar as cópias feitas pela pirataria. Não têm lá muita garantia, mas funcionam. Virão naquele esquema de pastas imundas recheadas de bondade e preços baixos, acompanhadas de mensagens de luz e salvação.
Aleluia!
Por Laerte Braga
A modelo e atriz Pamela Anderson (protagonista do seriado SOS-MALIBU) perdeu 250 mil dólares num jogo de pôquer em um cassino de Las Vegas e pagou com "favores sexuais". É o que conta a imprensa de seu país. Pamela ficou sensibilizada e "apaixonada" por uma pessoa presente ao jogo, Rick Salomon, jogador profissional, que se ofereceu para quitar a dívida.
O jornal francês LE MONDE revela que o estado do Pará está sendo devastado pelas plantações de soja. O jornal dá conta que em poucos anos a continuar o ritmo de desmatamento a Amazônia paraense deixará de existir. O estado vai ficar igual ao Mato Grosso, onde as florestas deram lugar às plantações de soja transgênica. O governo Lula sabe e autorizou.
Um colecionador anônimo, de 90 anos de idade, enviou ao Museu do Holocausto fotos inéditas do campo de concentração de Auschwitz. As fotos, já autenticadas por especialistas, mostram oficiais nazistas, homens e mulheres, se divertindo num dos mais bárbaros campos de prisioneiros judeus na IIº Grande Guerra. Tal era a pressa em matar judeus ao fim da guerra que os fornos crematórios enguiçaram e muitos corpos foram queimados em valas abertas dentro do próprio campo. O médico Joseph Mengele, que fazia experiências com seres vivos, era um dos protagonistas das festas. Mengele morreu no Brasil. Um dado a ser observado. O comandante do campo, ao término da guerra, cumpriu pena de sete anos de prisão depois de descoberto exercendo uma função qualquer num banco da Alemanha e, quando saiu da cadeia foi recontratado pelo banco. Há dois aspectos nesse fato. O compromisso de banqueiros com o nazismo. Lucraram horrores e o caráter comum das pessoas que muitas vezes se transformavam em monstros e monstros foram na esteira da boçalidade nazi-fascista, hoje com roupagem DASLU. Os nazistas tinham o hábito de carregar pastas para onde quer que fossem. Era marca registrada e alguns algemavam as pastas ao seus punhos para evitar que fossem perdidas ou roubadas.
O senador Renan Calheiros voltou a Brasília, reassumiu as funções de presidente da dita Câmara Alta e vai tratar de segurar os novos processos contra ele. Deve sacrificar algumas vacas de seu rebanho mágico para escapar à cassação. Tem um vasto campo para negociar, ainda mais agora que o mensalão mineiro foi divulgado e entre os beneficiados, o principal, está o pastel Eduardo Azeredo, não por acaso tucano. Não teria a menor importância e nem faria diferença se fosse petista ou democrata. FHC nem dorme com Cacciola preso e naturalmente ávido por poder sair e gastar os milhões que pegou com o Banco Central do Brasil. Se contar o que sabe e como as coisas aconteceram cai a última máscara do ex-presidente. A pose de bandido impune. Um dado importante é que o ministro do Supremo Tribunal Federal que deu a Cacciola o hábeas corpus que lhe permitiu fugir para a Itália, é Marco Aurélio Mello, primo de Collor e vizinho do banqueiro. Ambos têm um apartamento no condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (há dúvidas sobre se a Barra integra o Rio, ou se é subúrbio "pobre" de Miami. Vera Loyola deve poder sanar essa interrogação nos momentos em que estiver livre das tarefas de levar a cachorrinha de helicóptero para o cabeleireiro). O fato foi revelado pelo colunista Ancelmo Góis do jornal O GLOBO. (Ancelmo com "c" mesmo).
A DASLU prepara a coleção de verão e em alto estilo. Vai liquidar os seres mercadorias para lançar almas no mercado. Têm grife, são contrabandeadas com todo cuidado em embalagens climatizadas e segundo alguns já estão todas vendidas. Pré venda. Devem ornamentar as passeatas do CANSEI, participar de torneios de tiros de ovos podres nas "vagabundas", contribuir para o CRIANÇA ESPERANÇA e esparramarem o modelo para a classe média em versões mais baratas e no crediário com juros extorsivos. Os pobres poderão comprar as cópias feitas pela pirataria. Não têm lá muita garantia, mas funcionam. Virão naquele esquema de pastas imundas recheadas de bondade e preços baixos, acompanhadas de mensagens de luz e salvação.
Aleluia!
segunda-feira, setembro 17, 2007
Embriaguem-se
De Charles Baudelaire
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com o quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à Vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são, e o vento, a Vega, a estrela, o pássaro, o relógio responderão:
É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso.
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Tradução Jorge Pontual
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com o quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à Vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são, e o vento, a Vega, a estrela, o pássaro, o relógio responderão:
É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso.
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Tradução Jorge Pontual
sexta-feira, setembro 14, 2007
sexta-feira, setembro 07, 2007
MIlton Santos e a esperança
"Estamos convencidos de que a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentos e outras classes obesas; o indivíduo liberado partícipe das novas massas e não o homem acorrentado; o pensamento livre e não o discurso único. Os pobres não se entregam e descobrem a cada dia formas inéditas de trabalho e de luta; a semente do entendimento já está plantada e o passo seguinte é o seu florescimento em atitudes de inconformidade e, talvez, rebeldia."
Milton Santos-"Por Uma Outra Globalização - Do Pensamento Único à Consciência Universal"
Algúem contou que o cartunista Jaguar entrou numa livraria atrás de um livro de Milton Santos. O rapaz do balcão disse: "Não é Milton, é Nilton Santos", claro, o craque do futebol. Não, disse o Jaguar, com a foto do professor Milton nas mãos: é esse aqui". Ah, devolveu o balconista, esse aí é o Djalma Santos".
É pena que o Brasil não tenha acesso aos seus grandes pensadores, especialmente este que foi um raro intelectual combativo. Tive a sorte de conhecê-lo em vida, numa entrevista na Geografia da USP, para a revista Sem Terra. Vou ver se acho e posto aqui.
Negro, negro, negro, com o maior sorriso e um límpido pensamento radical. Gosto de gente assim. Uma espécie de Nobel da Geografia, escritor de 40 livros, referência contra o neoliberalismo.
Rastreando a internet ontem encontrei um artigo de outro querido professor e amigo, Jair Borin, que também já se foi, sobre Milton. Contando que, sempre que havia um problema daqueles de sempre lá no câmpus da USP, o professor estava solidário com o lado justo.Mesmo doente.
Está passando em Sampa, apenas no Cine Bombril e no Unibanco Arteplex, às 18 horas, um precioso documentário "Encontro com Milton Santos ou: O Mundo Global Visto do Lado de Cá", dirigido por Silvio Tendler.
Milton Santos, que se intitula um “intelectual outsider”, por não responder por partidos nem grupos acadêmicos, explica que a informação é o coração da globalização. É por meio dos sistemas de comunicação que as grandes empresas estabelecem atualmente seus domínios.
Diz também que o atual totalitarismo, como o nazismo, o fascismo, é o consumo. Aliás, um outro pensador, o grande cineasta Pier Paolo Pasolini, já nos anos 70 afirmava que o consumo é o fascismo da alma.
O filme se inicia com uma frase de Sartre, de 1961, falando dos horrores do mundo de então, e da esperança.
Milton Santos também era assim, cheio de esperança.
Tanto que, depois de uma hora e meia de imagens do perverso processo de globalização, que está levantando sua mais recente bandeira, a privatização da água (!!!! com fosse mercadoria e não um bem), a entrevista, a última audiovisual que o professor deu --, morreu meses depois, em junho de 2001 --, termina com uma mensagem de esperança na humanidade: "Afinal, agora que existe a humanidade em si, temos de crer nela"
Rastreando a internet, o que encontro? Em meio a várias pérolas, um crítico de cinema descendo o cacete...no público. Diz que as pessoas se regozijavam e aplaudiam,e que o filme não tem impacto!
Aplaudir no cinema é coisa rara hoje em dia, como raros são os pensadores da estatura e da seriedade de Milton Santos, neto de escravos, intelectual outsider, independente. Viva!
quarta-feira, setembro 05, 2007
Santa Tereza
(Matiolli)
Santa Tereza
Às três da tarde de terça um homem toca saxofone na porta do bar ao lado de outro que conserta inutilidades.
E outros homens bebem, o buraco aumenta cada vez mais.
Líricas de dia de Cosme e Damião já se desenrolaram sexta: doces, algaravia, meninos.
E neste sábado, o que seus olhos procuram? Escapar da dor? Eu me rio, meu caro vizinho
(e a saparia em coro noturno a gargalhar)
Algo aqui prende as solas das sandálias ao chão de pedras, aos mesmos caminhos diariamente.
Vão e voltam e tornam a voltar
Em clima de suave compadrio
Os repetidos rituais cotidianos: os dedos tapam ouvidos quando relincha o bonde
o cego abre caminho à força da bengala branca
o grande e velhíssimo caderno marca Deve e Haver
O homem que me despe com os olhos neste domingo é uma mulher ao lado de outra e de um cão cinzento. Senhor, essa estranheza deixa passar
Que somos todos infinitamente estranhos, tal disse Orides
Essa fumaça de tantos cigarros e a garganta a arder, a arder, a arder
As Musas me visitam de madrugada enquanto escrevo a letra de "You do something to me"
you do something to me
something that simply mistifies me tell me
what should it be
you have the power to hipnotize me
let me live with your spell
do do that voodoo that you do so well
for you do something to me
that nobody else can do that nobody else can do
Eldorado de São Paulo
Imediatamente, como fosse eu a DJ, uma voz feminina canta para mim a música no rádio
Lembro de escaravelhos e do velho mestre, não por acaso
Não arde o sol costumeiro, ainda é primavera ainda é Rio de Janeiro,
ainda somos
Evoé!