Orides Fontela, poeta paulista, falecida há alguns anos, na miséria. Um dia vi a noticia- “poeta despejada”. Combina com ela o verso de Maiacóvski abaixo. Bibliotecária de escola estadual, solitária, agora que foi publicada sua obra completa saiu uma matéria na TV Cultura, uma entrevista com ela, num apê no Minhocão.
Dizia: "O trabalho não deu certo, o amor não deu certo..." Mas a poesia sim, grande poeta.
Escolhi três poemas de Orides do livro Trevo, Editora Claro Enigma.
sábado, junho 10, 2006
Iniciação
Orides Fontela
Se vens a uma terra estranha
Curva-te
Se este lugar é esquisito
Curva-te
Se o dia é todo estranheza
Submete-te
-és infinitamente mais estranho
Se vens a uma terra estranha
Curva-te
Se este lugar é esquisito
Curva-te
Se o dia é todo estranheza
Submete-te
-és infinitamente mais estranho
Meio-Dia
Orides Fontela
Ao meio-dia a vida
é impossível
A luz destrói os segredos:
A luz é crua contra os olhos
Ácida para o espírito.
A luz é demais para os homens.
(Porém como o saberias
quando vieste à luz
de ti mesmo?)
Meio-dia!Meio-dia!
A vida é lúcida e impossível.
Ao meio-dia a vida
é impossível
A luz destrói os segredos:
A luz é crua contra os olhos
Ácida para o espírito.
A luz é demais para os homens.
(Porém como o saberias
quando vieste à luz
de ti mesmo?)
Meio-dia!Meio-dia!
A vida é lúcida e impossível.
Torres
Orides Fontela
Construir torres abstratas
porém a luta é real. Sobre a luta
Nossa visão se constrói.O real
Nos doerá para sempre
Construir torres abstratas
porém a luta é real. Sobre a luta
Nossa visão se constrói.O real
Nos doerá para sempre