domingo, maio 07, 2006
Estrela Solitária
O astro de cinema decadente larga a filmagem e sai pelo árido interior norte-americano.Volta para casa, encontra a mãe, que não vê há 30 anos. Vai em busca de um possivel filho, que deve ter a mesma idade e nunca conheceu.
É coisa de Wim Wenders e de Sam Shepard, coisa fina. De chorar, de pensar.
"Nada mudou", diz um empoado agente de seguros, que parte em busca do ator decadente e que precisa voltar às filmagens, proque empenharam muita grana nele e romper contrato lá é coisa séria. Algema o ator e na viagem comenta: "guerra do Peloponeso, Inquisição, conquista do México....." desfia uma série de merdas em que a raça humana tem se metido ao longo dos séculos para concluir isso: somos a mesma coisa, não aprendemos, não mudamos.
Anos atrás li uma noticia de jornal com o titulo do mais recente filme de Wenders "Der Himmel über Berlin". Escrevi na hora um poema com o mesmo título, sem saber do que se tratava, um poema que ninguém gosta, só eu, uma especie de soneto que nunca havia feito (http://www.secrel.com.br/jpoesia/elorenzotti.html)
Quando a obra de arte bate com a gente, parece que temos almas semelhantes, o criador e nós, espectadores. É esse o caso.Os alemães são incriveis, me diz uma amiga, eles foram os primeiros a traduzir a filosofia oriental( veja-se o I Ching com prefácio de Jung e tradução de Richard Wilhelm).
Asas do Desejo, o céu de Berlim, é sobre dois anjos que ficam escutando nosso pensamentos, sabendo de nossas tragédias e alegrias, mas nada podem fazer. Um deles quer ser humano e acaba concretizando o desejo. Quer sentir. A segunda parte é Tão longe, tão perto. Outro anjo cai na Terra.
De anjos e de homens, de estrelas solitárias, road moveis pelo árido, somos nós ali.
Na Estrela, uma menina joga as cinzas da mãe morta sobre a cidade em meio ao deserto. A imagem é linda e comovente. No fim, todos vamos procurar a origem, não é?
Nosso criador, nossos criadores. A família, para uns imprescindível, para outros não.
Um belo filme.