sábado, setembro 30, 2006

John, Janis e Jimmy











No dia 9 de outubro John Lennon faria 66 anos. É mais um desta geração que fez da sua vida a sua arte.
Ele, como Hendrix e Joplin, para só citar dois, agiram de acordo com o que pensaram: eram coerentes.E íntegros, isto é, inteiros, não fragmentados.



O mundo quebra gente assim, e os dizimou. Dois por overdose, um por asassinato.



Eles perderam muitas batalhas, mas ganharam a grande guerra:tornaram-se eternos!







segunda-feira, setembro 25, 2006

Vincent vive!







Viandeiro vindicante
Violeta vindimada
Vidente visceral

Vincent vive

domingo, setembro 24, 2006

A corte do pavão misterioso












Foto Luiz Carlos

No parque da Água Branca, num fim de semana em Sampa, o rapaz que tirou a foto e mais meia dúzia de nós assistímos ao grandioso espetáculo da natureza: a corte do pavão, e as pavoas,observem no canto direito, ciscando, fazendo de conta que nem notavam. Pedi a foto, achei que o anônimo fotógrafo nem se lembraria. Mas hoje chegou.
Que presente esse, no centro de Sampa, quem imaginaria?

sábado, setembro 23, 2006

O que amas de verdade

O artigo abaixo eu escrevi para os meninos do século 21, no site do Cedom, Colégio Estadual Doutor Octávio Mendes, onde estudei no século 20.
http://www.cedom.net/.


Brilho nos olhos. Sabe como? Quando você quer muito algo, quando você conquista isso, quando você sente o coração batendo de felicidade, pura felicidade.
E por que muitas vezes os nossos olhos brilham, mas aquilo está muito longe, distante, impossível mesmo? E a gente pensa: não dá! A gente acha que não dá, porque tudo que está em volta parece que existe pra dizer que não dá.
Pois eu li uma vez um lindo livro de um grande professor de mitologia chamado Joseph Campbell. Ele participou da criação do roteiro de “Guerra nas Estrelas”, que todos nós conhecemos e adoramos, dirigido por George Lucas, e o ajudou na trilha do mito do herói. Lembra de Luke Skywalker, do mestre Jedi, em luta contra o lado da sombra, o Darth Vader?
Pois então, é ele, Joseph Campbell, também autor do livro “O Poder do Mito”, que conta a seguinte historinha:
“Antes de me casar, eu costumava sair para comer em restaurantes da cidade, tanto no almoço como no jantar. Quinta-feira à noite era folga das empregadas em Bronville, de modo que muitas famílias saíam para comer fora. Uma bela noite, eu estava em meu restaurante favorito e, na mesa ao lado havia um pai, uma mãe e um menino magrinho de uns 12 anos de idade. O pai disse ao menino:” Tome o seu suco de tomate”. E o menino respondeu: “Não quero”. O pai insistiu, com voz mais alta: “Tome o seu suco de tomate”. A mãe interveio: “Não o obrigue a fazer o que ele não quer”. O pai olhou para a mulher e disse: “Ele não pode levar a vida fazendo o que quer... eu nunca fiz nada do que quis, em toda a minha vida”. Esse é o homem que nunca perseguiu a sua bem-aventurança.(...) Eu sempre recomendo aos meus alunos: vão aonde o seu corpo e a sua alma desejam. Quando você sentir que é por aí, mantenha-se firme no caminho, e não deixe ninguém desviá-lo dele”.
Esse livro e essa história, entre as muitas que há no livro, foram muito importantes na minha vida. Pois eu sempre acreditei e acredito que nós nascemos para a felicidade, e para conquistá-la, devemos proceder de maneira a fazer o que é bom não apenas para nós, mas para a nossa comunidade. Não nascemos para consumir coisas, não nascemos para seguir uma profissão que nos torne ricos e/ou famosos, não estamos estudando apenas e tão somente para fazer um vestibular. Estudamos para conhecer coisas novas e importantes para a nossa vida, para o nosso dia-a-dia, para as coisas pequenas do cotidiano, muito mais especiais que as grandes, pois delas é feita a nossa vida.
E a vida é muito maior do que consumo, celebridade, televisão, embora tudo isso faça parte dela, e a gente precisa ter conhecimento e discernimento para poder escolher. Embora, é claro, principalmente precisamos sobreviver, os tempos estão muito difíceis, não temos idéia de qual será nosso futuro. Tantas interrogações...
Mas o que fazer, então? Negar a felicidade em prol da sobrevivência, e transformar-se naquele pai da historinha acima, que nunca fez o que queria na vida? Ou fazer só o que você quer, sem ligar para os outros, para o próximo?
Não é assim, existe uma saída.Você não pode sair do sistema da sociedade em que vive, tem de seguir uma profissão com a qual possa se sustentar, e à sua futura família. Mas por isso vai negar os seus desejos mais íntimos?Aquela voz que, se você apurar bem o ouvido, vai ouvir lá dentro, dizendo qual é a sua vocação, para que é que você está neste mundo?
É esta, como diz o professor Campbell, a sua bem-aventurança, o caminho que você deve seguir para tornar-se o que verdadeiramente você é.
Então, quando conseguir o silêncio suficiente para ouvir a sua própria voz interior, você saberá. Não o seu professor, não seus pais, amigos, irmãos, namorados (as), não a TV, não a internet, nem eu! Só você.
Eu digo porque já comprovei isso. Desde os 12, 13 anos de idade queria ser jornalista. Vinda de família pobre, a universidade era um sonho meio distante, e a profissão parecia ser algo inalcançável para uma menina da periferia da zona norte de São Paulo. Meu pai queria que eu fosse secretária, ele trabalhava em um escritório e me levou lá, certa vez, para fazer um estágio, eu já tinha uns 17 anos. Foi a pior semana da minha vida até então, na maquininha de cálculos, dentro de uma sala. Acho que meu pai começou a entender.
Eu não desisti, e graças ao excelente ensino que tive no Cedom, entrei na USP em dois cursos: Jornalismo e História.Fui a primeira universitária da família. Comecei logo a fazer estágio em jornais, e tive de largar o segundo curso. Não foi nada fácil, porque naquela época jornalismo era uma profissão masculina. Então, uma mulher tinha de provar que era uma excelente profissional, e a gente passava mesmo por provas de fogo: aos 19 anos trabalhei na reportagem policial, via gente morta, tinha de entrevistar as famílias, a polícia etc. Uma barra pesada, com se dizia na época! Mas consegui, e fui passando para outras áreas da reportagem: educação, saúde, cidades, etc.
Fui aprovada em um teste no jornal “O Estado de S. Paulo”, mas o editor veio me dizer que, infelizmente, ainda não admitiam mulheres. Era 1972 e começavam a sair das universidades as primeiras turmas de jornalistas. Alguns meses depois - eu já trabalhava no jornal O Globo- o editor me chamou, dizendo que agora sim, já se admitiam mulheres na redação do maior jornal do país. Mas eu preferi ficar onde estava.
Durante minha carreira, ainda algumas vezes enfrentei, eu e outras profissionais, esse preconceito. Hoje, na classe de pós-graduação em jornalismo da PUC na qual dou aulas, dos 40 alunos, 38 são mulheres...
Não posso imaginar outra profissão para mim a não ser esta, de escrever, de contar histórias, de ouvir o outro. De, às vezes, contribuir para melhorar a sociedade em que vivo.
Não foi fácil e continua não sendo fácil: o mercado na imprensa escrita, na TV, no rádio, se estreita cada vez mais. Entretanto, há outras mídias, como por exemplo, e cito apenas uma, os blogs. Nos Estados Unidos vários jornalistas independentes foram contratados por grandes jornais a partir de sua performance nos blogs. Uma outra comunicação é possível, e a imprensa comunitária também está aí para provar.
Bem, mas sobre jornalismo eu escreveria uma enciclopédia. Eu vim mesmo aqui só para dizer que é verdade essa história de perseguir sua bem-aventurança. E ter valores, projetos, objetivos que não são medidos por dinheiro, por posse de coisas, por celebridade, pelo poder. Tudo isso é passageiro. Só fica a sua verdade, aquela de dentro de você. Aliás, diz o poeta Ezra Pound – e a poesia serve, e muito, para a nossa vida : “O que amas de verdade permanece, o resto é escória
O que amas de verdade não te será arrancado”.
Então, persiga a sua bem-aventurança e não tenha medo porque, como diz Joseph Campbell, e como estou aqui para comprovar, “as portas se abrirão, lá onde você não sabia que havia portas”.
Boa sorte!

quarta-feira, setembro 20, 2006

sábado, setembro 16, 2006

Namastê!

Foto Carlos Bertomeu ( foz do rio Camaquã)

Encontrei na internet um belo link de um músico indiano, Ananda Jyoti, que mora no Brasil há uns sete anos e já produziu um belo trabalho que mistura as sonoridades indiana e brasileira em lindos mantras. Tem cuica, tem viola caipira, misturados à tabla indiana, à sítara.
Mantras, você não precisa nem entender o significado das palavras, são ancestrais e servem para liberar nossas mentes de tanta bobagem que vivemos a pensar, a pensar, a pensar.
Um refresco, um rio calmo como este acima...
Om é o som primordial
Om!

segunda-feira, setembro 11, 2006

A última partida



Texto e fotos do repórter fotográfico Jesus Carlos, da Imagem Latina, velho companheiro de cobertura da imprensa sindical e social. Beleza Pura!
(Desculpem a inabilidade tecnológica da editora, na verdade as fotos devem ser vistas da última para a primeira, claro, do inicio proo fim do jogo, mas...)


"O primeiro jogo do Brasil no mundial, foi com a Croácia. No dia seguinte, encontrando com os amigos, perguntaram: Jesus, você não foi fotografar a torcida lá no Anhangabaú? Tava bem legal. Bem divertida. NÃO! Só irei fotografar na última partida. Dias depois, o Brasil volta a jogar com a Austrália. e no dia seguinte, encontro de novo os amigos e a pergunta, os comentários foram feitos de novo. Você não foi fotografar a torcida lá no Anhangabaú? Você ta perdendo. O pessoal vai todo fantasiado de verde e amarelo. Estás perdendo boas imagens. Veio o jogo com o Japão e encontro no dia seguinte com os amigos que de novo fizeram a mesma pergunta: você não fotografou a torcida no Vale do Anhangabaú? Não! Só irei fotografar na última partida. Aí o Brasil joga com as estrelas negras de Gana e no dia seguinte, veio de novo a pergunta: Jesus você não foi fotografar a torcida no Anhangabaú? Você precisa ver cara. Tem alguns que não perdem um só jogo e sempre estão lá na frente, bem perto do telão. Eles sabem que tá todo mundo da imprensa e querem sair nas primeiras páginas dos jornais, na televisão. É bem divertido e tá dando boas imagens. Você está perdendo um bom material fotográfico.
É sábado, são duas horas da tarde e penso: vou fotografar a torcida no Vale do Anhangabaú. Hoje é Brasil e França. Tenho que ir fotografar a torcida, as pessoas fantasiadas de verde e amarelo, o pessoal torcendo pelo Brasil. Não podia perder.
Era A Última Partida. "
Jesus Carlos

quarta-feira, setembro 06, 2006

Orquestra do Quisisana Hotel


Orquestra do Quisisana Hotel, anos 50.
Meu pai é o careca magrinho, ao fundo, à direita. Sentado com as crianças, o grande ator Procópio Ferreira.


Meu pai e seus irmãos nasceram com a veia artística, herdada da italianada e da aculturação com o Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro. Oswaldo Lorenzotti, meu pai, tocava violão, compunha e cantava lindamente na rádio Cultura de Poços de Caldas (MG) e como crooner da Orquestra do Quisisana Hotel nos anos 50. Meu tio Emilio, em Varginha, na mocidade, tinha uma padaria e.....uma orquestra de padeiros. Eu os imagino todo santo dia encerrando o expediente e partindo pra música! Que lindo isso devia ser.
Zé Alberto, meu primo, também nasceu tocando : sanfona, violão, e era um ás da Jovem Guarda no interior de Minas.
Outro primo, Juemil, era professor,formou gerações em Poços de Caldas, e todo santo domingo colocava a partitura e tocava na sanfona tudo o que podíamos suportar ...
Filhos, primos, tias, tios, cantarolamos sempre pela vida. Estou falando dessa minha família musical depois de rever, banhada em lágrimas, o documentário de Win Wenders sobre o Buena Vista Social Club. A pesquisa do grande guitarrista Ry Cooder, que conseguiu reunir a velha guarda, a Vieja Trueba cubana, lançá-los ao mundo das celebrities depois de 70, 80, 90 anos de idade- além , é claro, do belo filme de Win Wenders- e ao menos desfrutarem do sucesso merecidissimo:Compay Segundo já tinha 90 e viveu mais 5: Ibrahim Ferrer tinhas 70 e poucos. Estão vivos Omara Portuondo e Eliade Ochoa.
Os velhos músicos maravilhosos cubanos estavam no desvio há anos. Ferrer conta que, desiludido, pensava em desistir. Até que foi encontrado por Coder, que viu nele uma espécie de Nat King Cole cubano.Mais ou menos o que aconteceu aqui com o Tomzé, que também foi redescoberto por um americano.
Tudo o que não aconteceu com meu pai, com meu primo Zé Alberto,que tiveram de desistir da música pra sobreviver. Não tem coisa mais triste que ver talentos assim podados. Meu pai virou funcionário de escritório, e durante muitos anos tocava violão e cantava sozinho, nas manhãs de domingo, em casa.Às vezes eu o acompanhava ocando...maracas.
Zé Alberto, que mora em Alfenas (MG) tem um pequeno comércio com a mulher e acaba de gravar um CD caseiro com as músicas preferidas pelo pessoal que freqüenta churrascarias...Seus olhos brilham quando fala nos seus tempos, nas suas canções e hoje, talvez, quem sabe, na possibilidade de cantar em algum lugar bom....
Lembrei muito deles em Havana, e ao rever este filme. Artistas populares, gente que aprendeu a tocar sozinha, de ouvido, e que amava isso. Povos musicais, temos isso em comum. Esse brilho nos olhos é o mesmo que vi no Ferrer, no Compay, na Omara, no baterista, no trompetista maravilhoso.
E nos olhos do Ry Cooder e de seu filho Joachim, jovem percussionista encantado com seus mestres cubanos.
Uns anônimos, outros por sorte, içados ao estrelato.Cooder diz que faz discos há mais de 35 anos e nunca sabe do que o público vai gostar. Sorte, talento, oportunidade, tudo isso junto e mais alguma coisa?


segunda-feira, setembro 04, 2006

As idéias



Foto Bea Faleiros

Muro do estacionamento ao lado do hotel no bairro Vedado

sexta-feira, setembro 01, 2006

Compay, Compay

Foto do filme Buena Vista Social Club

Compay Segundo, ou Francisco Repilado, beijado por Omara Portuondo. Compay quer dizer cumpadre, e segundo porque ele fazia segunda voz, com o outro Compay , eram o duo Los Compadres, criado em 1942 e durante 14 anos.
Essa lindissima figura, que há alguns anos partiu, aos 95, fumava "puros" desde os 5. Pois a avó pedia pra ele acender...Trabalhador do tabaco, amante das mulheres e das coisas boas da vida (e aqui não se fala de consumo, mas de bens essenciais.
É dele o Chan Chan, que abre o disco belissimo produzido pelo não menos maravilhoso guitarrista norte-americano Ry Coder. Disse numa entrevista: "Além das comidas típicas dos trovadores que já lhe disse, como provenho da costa, adoro os mariscos. Vou te revelar um segredo: use o caldo de cabeça de bode, isso lhe dará vitalidade. Quanto aos prazeres, é preciso ter medida. O bom não se deve experimentar muito, que sempre fique o desejo, que lhe anime a experimentar de novo e não o aborreça. Bebo um pouco e fumo desde menino, pois minha avó me ensinou. Aliás, esse foi um dos meus ofícios, na fábrica de Montecristo e H. Upman. Meu charuto preferido: H. Upman n.o 4."
Chan Chan tem apenas dois acordes: "Imagine que na França quando vão fazer um brinde, em lugar de tin tin, agora dizem chan chan, pois minha canção agradou demais. As pessoas até choram. Você sabe que as canções possuem seu mistério, seu encantamento, seu feitiço. Isso não é assunto de catedráticos, mas de magia. Você já pensou que a juventude de Cuba e da Europa, que já se esquecera da música tradicional, que somente gostava de rock, agora voltou à música de seus avós? Isso é um fenômeno."
E sobre o sucesso: "Passamos das montanhas à fama. Percorremos metade do mundo, apresentamo-nos nos palcos mais exigentes e fomos convidados por príncipes para suas festas faustosas. Mas eu continuo sendo simples, como se estivesse começando. Precisamente, prezam-nos por essa simplicidade e naturalidade. Eu continuo cantando para os cubanos, como faço por toda Cuba, desde quando jovem."
Contiuará cantando pra sempre, Compay.