terça-feira, março 28, 2006
Alto Rio Içãna, Amazônia
Pedro Martinelli
Nos anos 70, quando éramos felizes e não sabíamos --mesmo sendo os duros anos 70 --, na sucursal paulista de O Globo, Pedro Martinelli fez a primeira viagem para a Amazônia, atrás dos kranhakarore, o primeiro contato com os índios gigantes. Daí em diante, a gente da Amazônia tornou-se a paixão do Pedrão, um dos maiores fotógrafos deste país, e mais recentemente ele passava metade do ano lá, na civilização, no seu barco, e metade aqui na chamada selva da cidade.
Ele nos mostra a vida na Amazônia, os índios, os caboclos e suas condições de vida, sempre em p&b. Esta foto é de seu livro 'Mulheres da Amazônia", que tem a seguinte legenda: "Cláudia indo para a roça com mãe e filhos- 3 horas de remo rio acima."
Ele reencontrou os índios gigantes 25 anos depois, encurralados pelo garimpo, as madeireiras, a agropecuária...Grande país, que tem tantos bravos equilibristas, como a Cláudia, subindo o rio com a família... Triste país, mergulhado em tanta crise...
Grande país que tem historiadores como o Pedrão, a abrir nossos olhos. É mesmo um privilégio ter trabalhado com ele e ser sua amiga.
domingo, março 26, 2006
sábado, março 25, 2006
sexta-feira, março 24, 2006
Conselho de Estética Parlamentar
O Mário manda essa ótima:
"A proliferação de pizzas em Brasília - amparadas pelo voto secreto - serviu de inspiração para um protesto irreverente do Chico Alencar. Entre a indignação e a decepção, o humor teve seu lugar. Chico elaborou um projeto simbólico de resolução para a criação do Conselho de Estética e Falta de Coragem Parlamentar. Leia aqui:
"Face às últimas decisões do plenário da Casa, amparadas pelo manto do voto secreto e respaldadas pela ausência - justificada, claro - de quase uma centena de representantes do povo, submeto à consideração dos nobres pares o que se segue:
PROJETO DE RESOLUÇÃO S/Nº/2006A Câmara dos Deputados resolve:
Art. 1º. Fica criado o CONSELHO DE ESTÉTICA E FALTA DE CORAGEM PARLAMENTAR, em substituição ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar;
Art. 2º. Constituem funções do Conselho de Estética:
I - Promover a imagem de operatividade, assiduidade, senso de justiça e transparência da Câmara dos Deputados, contra os ataques do monstro da opinião pública, que deve ser combatido e desprezado;
II - Elaborar a defesa intransigente de todo parlamentar acusado de percepção de vantagens indevidas ou abuso de prerrogativas, destacando a moralidade pública inata a detentor de mandato eletivo, que tornou anacrônica a punição da perda de mandato;
III - Ampliar o voto secreto do parlamentar para projetos vinculados a recursos de campanha, remuneração própria, orçamento e ordem tributária, além de garantir a não publicização das emendas individuais ao Orçamento, exceto em currais eleitorais específicos, por ordem expressa do deputado proponente;
IV - Referendar a possibilidade da submissão de uns mandatos a outros, instituindo a “servidão voluntária interessada”, segundo a qual nenhum deputado será responsável exclusivo por seus próprios atos, ou de seus assessores;
V - Conceder Menção Honrosa, por sagacidade e antevisão, a deputados que renunciaram aos seus mandatos para não sofrerem processos disciplinares.
Art. 3º. Esta resolução entra em vigor em 1º de abril de 2006, DIA DA MENTIRA.
JUSTIFICATIVAA bisbilhotice ilegal e abusiva do Poder Executivo e o nepotismo e intervencionismo assumido de setores do Judiciário, somados a seguidos procedimentos questionáveis do Legislativo, indicam que estamos próximos da proclamação, em nosso país de uma “Democracia Banal”, conseqüência lógica da marcha-a-ré pública rumo à “República das Bananas”.Nesse sentido urge criar um escopo legal imaginário para o nosso surrealismo político atual.
Sala das Sessões, 23 de março de 2006.É o que proponho, simbolicamente, Senhor Presidente, nesses tempos em que ficção e realidade se confundem e em que, mesmo no desencanto, temos que “arrancar alegrias ao futuro”, como exortava Maiakovski, e manter o humor, ainda que cáustico.Deputado Chico AlencarPSOL/RJ
"A proliferação de pizzas em Brasília - amparadas pelo voto secreto - serviu de inspiração para um protesto irreverente do Chico Alencar. Entre a indignação e a decepção, o humor teve seu lugar. Chico elaborou um projeto simbólico de resolução para a criação do Conselho de Estética e Falta de Coragem Parlamentar. Leia aqui:
"Face às últimas decisões do plenário da Casa, amparadas pelo manto do voto secreto e respaldadas pela ausência - justificada, claro - de quase uma centena de representantes do povo, submeto à consideração dos nobres pares o que se segue:
PROJETO DE RESOLUÇÃO S/Nº/2006A Câmara dos Deputados resolve:
Art. 1º. Fica criado o CONSELHO DE ESTÉTICA E FALTA DE CORAGEM PARLAMENTAR, em substituição ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar;
Art. 2º. Constituem funções do Conselho de Estética:
I - Promover a imagem de operatividade, assiduidade, senso de justiça e transparência da Câmara dos Deputados, contra os ataques do monstro da opinião pública, que deve ser combatido e desprezado;
II - Elaborar a defesa intransigente de todo parlamentar acusado de percepção de vantagens indevidas ou abuso de prerrogativas, destacando a moralidade pública inata a detentor de mandato eletivo, que tornou anacrônica a punição da perda de mandato;
III - Ampliar o voto secreto do parlamentar para projetos vinculados a recursos de campanha, remuneração própria, orçamento e ordem tributária, além de garantir a não publicização das emendas individuais ao Orçamento, exceto em currais eleitorais específicos, por ordem expressa do deputado proponente;
IV - Referendar a possibilidade da submissão de uns mandatos a outros, instituindo a “servidão voluntária interessada”, segundo a qual nenhum deputado será responsável exclusivo por seus próprios atos, ou de seus assessores;
V - Conceder Menção Honrosa, por sagacidade e antevisão, a deputados que renunciaram aos seus mandatos para não sofrerem processos disciplinares.
Art. 3º. Esta resolução entra em vigor em 1º de abril de 2006, DIA DA MENTIRA.
JUSTIFICATIVAA bisbilhotice ilegal e abusiva do Poder Executivo e o nepotismo e intervencionismo assumido de setores do Judiciário, somados a seguidos procedimentos questionáveis do Legislativo, indicam que estamos próximos da proclamação, em nosso país de uma “Democracia Banal”, conseqüência lógica da marcha-a-ré pública rumo à “República das Bananas”.Nesse sentido urge criar um escopo legal imaginário para o nosso surrealismo político atual.
Sala das Sessões, 23 de março de 2006.É o que proponho, simbolicamente, Senhor Presidente, nesses tempos em que ficção e realidade se confundem e em que, mesmo no desencanto, temos que “arrancar alegrias ao futuro”, como exortava Maiakovski, e manter o humor, ainda que cáustico.Deputado Chico AlencarPSOL/RJ
Vida babélica virtual
Não tenho muita idéia de como lidar com essa parafernália de Html, portanto, não sei direito como responder aos comentários no seu próprio local.Para o Mário, não tenho a menor idéia de como se dará essa mudança aqui com o nosso "jeitinho". Mas é uma transformação que já parece irreversível.
Luzia, um beijão. E o resto do pessoal, cumprimentando o blog, fez comentários engraçadissimos, já sobre outros assuntos, e ..por e-mail.
O Luiz sugere para este blog também coisas amenas como as histórias sobre o "simples caseiro" que trabalhava para uma casa de lobby em Brasília.
Já a Rose quer saber o que é que vocês acharam da deputada dançando no plenário, comemorando a absolvição de um outro que confirmou ter recebido uma nota para sua campanha, "mas não sabia de onde vinha o dinheiro" e, por isso foi poupado?
O Walter também quer ser caseiro: " nessa Babel tropical, qual idioma garante contratação para caseiro? Afinal, 40 mil por bimestre me parece um salário atraente, sem contar moradia gratuita e excelente plano de assistência jurídica."
E o Alfredo Caseiro, meu companheiro de agruras em ONG, diz: "
Companheira Lorenzotti,sugiro que você escreva a meu respeito no seu blog, afinal, sou Caseiro há 37 anos. Sei que não tenho predicados para derrubar um ministro, mas quem sabe podemos ajudar o Bianchi a escancarar ainda mais as maravilhas do generoso terceiro setor."
O Bianchi é aquele do maravilhoso filme "Quanto vale ou é por quilo"
Sem sequer saber da existência do blog, porque o tal hotmail está meio fora do ar, outro amigo manda e-mail às ex-companheiras fundadoras do PT em tempos mais decentes, que vem bem a calhar:
"Meninas, depois da dança e queda dos sete véus da deputada Guadagnin, vocês nada mais representam para as fantasias da militância ..."
ahahahahah
Luzia, um beijão. E o resto do pessoal, cumprimentando o blog, fez comentários engraçadissimos, já sobre outros assuntos, e ..por e-mail.
O Luiz sugere para este blog também coisas amenas como as histórias sobre o "simples caseiro" que trabalhava para uma casa de lobby em Brasília.
Já a Rose quer saber o que é que vocês acharam da deputada dançando no plenário, comemorando a absolvição de um outro que confirmou ter recebido uma nota para sua campanha, "mas não sabia de onde vinha o dinheiro" e, por isso foi poupado?
O Walter também quer ser caseiro: " nessa Babel tropical, qual idioma garante contratação para caseiro? Afinal, 40 mil por bimestre me parece um salário atraente, sem contar moradia gratuita e excelente plano de assistência jurídica."
E o Alfredo Caseiro, meu companheiro de agruras em ONG, diz: "
Companheira Lorenzotti,sugiro que você escreva a meu respeito no seu blog, afinal, sou Caseiro há 37 anos. Sei que não tenho predicados para derrubar um ministro, mas quem sabe podemos ajudar o Bianchi a escancarar ainda mais as maravilhas do generoso terceiro setor."
O Bianchi é aquele do maravilhoso filme "Quanto vale ou é por quilo"
Sem sequer saber da existência do blog, porque o tal hotmail está meio fora do ar, outro amigo manda e-mail às ex-companheiras fundadoras do PT em tempos mais decentes, que vem bem a calhar:
"Meninas, depois da dança e queda dos sete véus da deputada Guadagnin, vocês nada mais representam para as fantasias da militância ..."
ahahahahah
quinta-feira, março 23, 2006
Tudo que é sólido se desmancha sobre o território
Acabo de ler essa frase no livro do urbanista da FAU Nestor Goulart Reis, que apresenta a primeira parte de uma pesquisa sobre Urbanização Dispersa e novas formas de tecido urbano. Sabe o que é isso? Que as cidades, nossas velhas e boas cidades, estão virando outra coisa, que ainda não tem nome.
Em São Paulo, regiões do Vale do Paraíba, Campinas e Baixada Santista já contam com uma população de 25 ( VINTE E CINCO) milhões de pessoas vivendo na Cidade Difusa, Cidade Emergente, rede de Cidades...Que nome tem?
Fui cobrir um interessantíssimo seminário na FAU, que durante três dias discutiu o tema, com especialistas de Portugal, Itália, Alemanha. Mudanças que começaram a ocorrer a partir da décadas de 70 e 90, e não só aqui, na Europa, nos EUA, em vários países.
As mudanças ocorrem:
*Com a formação de áreas de urbanização dispersa, que se estendem por esse território citado em Sampa, separadas no espaço, mantendo estreitos vínculos entre si.
* Com a adoção de novos modos de vida pela população, que organiza seu cotidiano em escala metropolitana e intermetropolitana, e envolvendo diversos municípios, uma regionalização do cotidiano.
*Com a adoção de novas formas de gestão dos espaços urbanos, com formas ondominiais diversificadas- loteamentos fechados, condomínios horizontais para residências ou fábricas
* Com alterações nas relações entre espaços públicos e privados, o surgimento de espaços públicos, mas de propriedade privada, como os shoppings
Essas mudanças, diz o professor no livro, tendem a tornar obsoletos os padrões correntes de controle do Estado- em todos os níveis- sobre o espaçoo urbano e sobre as práticas de sua produção e gestão.
Diz-se que o que está ocorrendo no curso de pouco mais de um século não é uma trivial evolução, mas uma mutação: o processo de mudança continua e tende a surgir uma realidade que já não é cidade nem campo.
Claro, as mudanças decorrem de relações sociais. Daí ele retoma a frase de Marx, atualizada por Marshal Berman (“Tudo que é sólido desmancha no ar”) e diz: Tudo que é sólido se desmancha sobre o território.
A morte do Welfare State, aquele que nós não vivemos nem viveremos, mas já dançou, tem a ver com tudo isso. Trata-se de soluções geridas por particulares e empresas.
Em Antuérpia, contou o urbanista italiano Bernardo Secchi, muitos moradores saíram da cidade para a dispersão e o centro foi ocupado primeiro por imigrantes africanos, depois por turcos e agora por europeus orientais.
Como será aqui entre nós, no futuro próximo? Boa pergunta.
Há no centro de São Paulo 100 prédios desocupados.
Ninguém sabe se tudo isso é bom ou ruim. Quem ganha e quem perde? Certamente o mercado imobiliário sempre ganha. A solução é pra classe media alta para cima, por enquanto.
Os planejadores urbanos? Diz o alemão Thoma Sieverts que, com a morte do o Welfare State, não se tem mais o que planejar. O estado neoliberal detesta planejar. Nos ultimos 50 anos, planejar significava canalizar o crescimento. Mas hoje não há mais crescimento. Agora é questão de diminuir, transformar, desfazer, abolir...
“Renovatio Urbis’ é a tarefa principal, diz ele- a transformação, mas os urbanistas não têm ferramentas para lidar com essa transformação urbana.
Achei extremamente interessante tudo isso que acontece do nosso lado, entre nós. Morar nessa cidade outra é,de certa forma, para quem pode, ter casa com jardim, conhecer o prefeito e o vizinho, voltar, de uma outra forma, ao antigo.
Mas não tem volta.
Que fazer?
Que será, será?
Em São Paulo, regiões do Vale do Paraíba, Campinas e Baixada Santista já contam com uma população de 25 ( VINTE E CINCO) milhões de pessoas vivendo na Cidade Difusa, Cidade Emergente, rede de Cidades...Que nome tem?
Fui cobrir um interessantíssimo seminário na FAU, que durante três dias discutiu o tema, com especialistas de Portugal, Itália, Alemanha. Mudanças que começaram a ocorrer a partir da décadas de 70 e 90, e não só aqui, na Europa, nos EUA, em vários países.
As mudanças ocorrem:
*Com a formação de áreas de urbanização dispersa, que se estendem por esse território citado em Sampa, separadas no espaço, mantendo estreitos vínculos entre si.
* Com a adoção de novos modos de vida pela população, que organiza seu cotidiano em escala metropolitana e intermetropolitana, e envolvendo diversos municípios, uma regionalização do cotidiano.
*Com a adoção de novas formas de gestão dos espaços urbanos, com formas ondominiais diversificadas- loteamentos fechados, condomínios horizontais para residências ou fábricas
* Com alterações nas relações entre espaços públicos e privados, o surgimento de espaços públicos, mas de propriedade privada, como os shoppings
Essas mudanças, diz o professor no livro, tendem a tornar obsoletos os padrões correntes de controle do Estado- em todos os níveis- sobre o espaçoo urbano e sobre as práticas de sua produção e gestão.
Diz-se que o que está ocorrendo no curso de pouco mais de um século não é uma trivial evolução, mas uma mutação: o processo de mudança continua e tende a surgir uma realidade que já não é cidade nem campo.
Claro, as mudanças decorrem de relações sociais. Daí ele retoma a frase de Marx, atualizada por Marshal Berman (“Tudo que é sólido desmancha no ar”) e diz: Tudo que é sólido se desmancha sobre o território.
A morte do Welfare State, aquele que nós não vivemos nem viveremos, mas já dançou, tem a ver com tudo isso. Trata-se de soluções geridas por particulares e empresas.
Em Antuérpia, contou o urbanista italiano Bernardo Secchi, muitos moradores saíram da cidade para a dispersão e o centro foi ocupado primeiro por imigrantes africanos, depois por turcos e agora por europeus orientais.
Como será aqui entre nós, no futuro próximo? Boa pergunta.
Há no centro de São Paulo 100 prédios desocupados.
Ninguém sabe se tudo isso é bom ou ruim. Quem ganha e quem perde? Certamente o mercado imobiliário sempre ganha. A solução é pra classe media alta para cima, por enquanto.
Os planejadores urbanos? Diz o alemão Thoma Sieverts que, com a morte do o Welfare State, não se tem mais o que planejar. O estado neoliberal detesta planejar. Nos ultimos 50 anos, planejar significava canalizar o crescimento. Mas hoje não há mais crescimento. Agora é questão de diminuir, transformar, desfazer, abolir...
“Renovatio Urbis’ é a tarefa principal, diz ele- a transformação, mas os urbanistas não têm ferramentas para lidar com essa transformação urbana.
Achei extremamente interessante tudo isso que acontece do nosso lado, entre nós. Morar nessa cidade outra é,de certa forma, para quem pode, ter casa com jardim, conhecer o prefeito e o vizinho, voltar, de uma outra forma, ao antigo.
Mas não tem volta.
Que fazer?
Que será, será?